O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que tem "uma opinião" sobre a questão da eutanásia, mas voltou a reservá-la para mais tarde, para "não crispar" um debate que quer "amplo e profundo".

No final de uma visita às urgências do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, onde serviu refeições como "voluntário honorário", o chefe de Estado lembrou que a sua experiência de voluntariado em hospitais foi na área dos cuidados paliativos, onde contactou com muitos doentes terminais.

"É uma matéria que eu conheço razoavelmente bem, que acompanhei, sobre a qual tenho opinião, mas relativamente à qual a minha posição tem sido firmemente a mesma: é importante que haja um debate amplo e profundo na sociedade portuguesa", disse, repetindo um apelo já lançado de manhã.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente "não deve estar a pronunciar-se" sobre a morte medicamente assistida, num momento em que há "duas posições contraditórias" e em que haverá diferentes projectos legislativos.

"Na devida altura, quando tiver de intervir, não deixará de intervir", assegurou.

Marcelo não quer condicionar debate

Questionado sobre se assinaria alguma das duas petições já entregues no Parlamento - uma a favor e outra contra a despenalização da eutanásia - caso não fosse Presidente da República, o chefe de Estado respondeu apenas: "Se não fosse Presidente (...) não era Presidente, mas como sou Presidente, sou Presidente".

"Isso descrispa a sociedade, porque assim as pessoas não se sentem condicionadas no seu debate. Se o Presidente da República disser: 'defendo um amplo debate, mas debatam o que debaterem, eu defendo isto e vou fazer isto'(...). Isso é que era crispar a sociedade portuguesa", defendeu, escusando-se igualmente a pronunciar-se sobre se deve ou não realizar-se um referendo sobre esta matéria.

Durante mais de uma hora, o Presidente da República serviu refeições nas urgências do Hospital São Francisco Xavier, tendo recebido uma bata e um cartão de voluntário honorário, para o efeito.

À chegada ao hospital tinha à sua espera a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite, que preside à Liga dos Amigos do Hospital São Francisco Xavier, que coordena as acções de voluntariado e entidade da qual partiu o convite ao Presidente da República.

"O meu objectivo foi sobretudo dar um sinal de apoio aos meus colegas voluntários, têm um mérito enorme, não é apenas o servir as refeições, é o acompanhar, ouvir a história, faz toda a diferença", explicou, no final, em declarações aos jornalistas.

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