O presidente da Câmara de Peniche espera que o Parlamento aprove a proposta de alteração ao Orçamento de Estado feita pelo PCP que inclui uma verba para obras urgentes na Fortaleza de Peniche.

Depois da retirada do edifício do grupo que vai ser concessionado a privados para reabilitação e uso turístico, António José Correia frisa que é preciso alternativas urgentes e pensar a longo prazo.

Face à polémica e à contestação da esquerda pelo uso da fortaleza que foi prisão política, o Governo acabou por retirar o edifício do Programa Revive. Mas a fortaleza precisa de obras urgentes e o presidente da Câmara têm-se desdobrado em reuniões com membros do governo grupos parlamentares.

Em declarações à Renascença, António José Correia revelou que o PCP entregou uma proposta para a inclusão de uma verba no Orçamento de Estado, ao abrigo do fundo de salvaguarda do património, de 1,3 milhões de euros, o que já seria uma boa ajuda para as obras prioritárias

Depois é preciso pensar na utilização futura, o que exige um financiamento mais elevado. Por proposta do ministro da Cultura, vai ser constituído um grupo de trabalho que inclui a autarquia.

Na próxima segunda-feira, na reunião municipal, deverá ser analisado o documento do Governo que vai estabelecer as outras partes participantes, o objecto e a duração. Quanto à utilização futura, está quase tudo em aberto, ou seja, o uso turístico não está excluído. Uma coisa é certa, para António José Correia: a memória da Fortaleza de Peniche terá que ser preservada.

Será no desenvolvimento dos trabalhos do grupo que terão de ser encontradas soluções para o futuro da Fortaleza de Peniche, património nacional mas que está em ruínas e a precisar de reabilitação urgente.

Há duas semanas, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, anunciou que o Governo retirou o Forte de Peniche do plano Revive, no âmbito do qual dezenas de monumentos históricos degradados de todo o país vão ser reabilitados e explorados por entidades privadas, por períodos de 30 a 50 anos.

Esta decisão, conhecida no final de Setembro, tem suscitado alguma polémica com as opiniões a dividirem-se entre os que estão a favor do projecto e os que estão contra.

PCP, PS e PSD locais exigiram investimento do Governo na reabilitação da fortaleza e alertaram para o estado de degradação de parte do monumento, ou seja, os pavilhões que estão fechados ao público e que, à excepção do espaço gerido pela câmara, não têm sido conservados.

A Fortaleza de Peniche foi uma das prisões do Estado Novo de onde se conseguiram evadir diversos militantes, entre eles o histórico secretário-geral Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate àquele regime ditatorial.