O grupo parlamentar do PS foi surpreendido pelo anúncio do imposto global sobre o património, que estava a ser negociado entre o Bloco de Esquerda, o PS e o Governo, mas entre os socialistas considera-se que a intervenção de Mariana Mortágua na conferência socialista de sábado foi “pior”, no sentido em que deu mais margem para os ataques da oposição e da opinião publicada.

A Renascença sabe que, após uma aparente fuga de informação, terá sido o próprio Governo a dar ordem ao PS para o partido se mostrar disponível para dar explicações sobre os moldes do novo imposto .

A partir daí a esquerda multiplicou-se nessas explicações, com o PS, pela voz de Eurico Brilhante Dias, a insistir sempre que o valor a partir do qual haverá pagamento de imposto não estava fechado. Algumas fontes ligadas ao processo notam que no próprio dia do anúncio, quinta-feira, não houve grande oposição por parte do PSD e do CDS, que reagiram mas sem violência.

As mesmas fontes assinalam à Renascença que aquilo que provocou mais barulho e fez aumentar a contestação foi a intervenção da vice-presidente da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, no sábado, na conferência socialista, onde faz desafio ao PS para uma maior justiça fiscal e taxar as grandes fortunas - apelo que teve resposta positiva por parte do Primeiro-ministro no encerramento da mesma conferência.

Os socialistas também insistem que não há motivo para grande surpresa em relação ao novo imposto sobre o património, tendo em conta que no Programa de Estabilidade já consta esta proposta com um valor na ordem do milhão de euros. Esse é também o valor apontado pelo PCP, que há anos tem propostas no mesmo sentido em que irá este novo imposto.

As simulações com vários números continuam a ser feitas e o que nos dizem é que até à apresentação do Orçamento do Estado em Outubro não vai haver um número definitivo. Ou seja, todos os valores que forem entretanto atirados para a praça pública podem estar a ser testado, mas não estão fechados.