Malveira é uma das estações do troço da linha do Oeste que está encerrada, há quase uma semana, para obras de modernização e eletrificação. Encostado à porta da estação, por estes dias fechada, está Rui Coelho, vestido com roupa de trabalho que denuncia tratar-se de um operário da construção civil. O principal problema, diz, é que os motoristas dos autocarros, de uma empresa do Vale do Ave, não conhecem os caminhos.

"Isto está a ser dificultado por causa disso. Nunca chegam aqui a horas, já vêm atrasados desde Torres. Para irem para Meleças, por exemplo, têm de ir daqui à estação de Mafra, daí para o Sabugo e depois para Meleças. Os caminhos não são tão direitos quanto isso, sobretudo para autocarros grandes. São estradas estreitas, eles não conhecem, pior".

E, assim, os autocarros chegam atrasados às estações e apeadeiros. Por isso, assegura que muitos dos habituais passageiros tiveram de optar por outras alternativas, indo "direito, via Malveira-Campo Grande pela A-8, pela Carris Metropolitana, porque é muito mais rápido", mesmo sendo mais quilómetros.

Isto, claro, quando o destino final é Lisboa ou Torres Vedras.

No caso de Rómula Castro, que espera por um autocarro no centro da Malveira - porque os acessos à zona da estação são estreitos demais para os autocarros - a paragem final é Pero Negro. Recorre aos autocarros alternativos, disponibilizados pela CP, para chegar ao trabalho. Não desgosta.

"Não é tão confortável quanto o comboio, mas não está a ser uma experiência tão má quanto achava que ia ser", admite, enquanto vai olhando para o fundo da rua para ver se o seu habitual autocarro está a chegar. O problema são mesmo os horários, já "que está quase sempre atrasado".

"Ainda que em alguns dias isso não tenha acontecido e o horário foi cumprido", relata.

Ainda assim, mostra-se confiante, dizendo que "é uma fase e que é para melhor, por isso, temos de ser positivos".

Na estação de Torres Vedras e com destino a Caldas da Rainha, Mariana Almeida, outra habitual utente da CP nesta Linha do Oeste, também confia que tudo vai melhorar. Mas, para já, faz as contas aos atrasos.

"Segunda-feira ainda não tinha começado e tivemos 20 minutos de atraso. No primeiro dia, na passada terça-feira, o atraso foi de meia-hora. No dia seguinte, o atraso já só foi de 10 minutos. Ontem (quinta-feira), 10 também. Hoje, também deve ser os 10 ou 15 minutos", conta.

O apito da velha e ruidosa automotora a diesel toca, dando sinal de que a partida está iminente. Não saiu sem que os autocarros - que vêm direto da Malveira ou de Meleças ou os que percorrem todos os apeadeiros - chegassem à estação com os passageiros do comboio que pretendem prosseguir viagem.