O ministro da Defesa Nacional confirmou, este domingo, ter recebido uma carta, assinada por antigos chefes da armada, que contesta a compra de uma megalancha para a GNR e a alerta contra a "deriva" marítima desta força de segurança.

"Recebi a carta, embora ainda não a tenha lido", afirmou, à margem da receção do navio patrulha oceânico "Setúbal".

"O fundamental para mim, enquanto ministro da Defesa Nacional, é que os meios das nossas Forças Armadas são meios pensados para o duplo uso, para utilização para efeitos militares, quando necessário, e para utilização, também, de apoio às necessidades do nosso país", defendeu João Gomes Cravinho.

A recente aquisição pela GNR da megalancha Bojador, maior que as da Marinha, motivou a carta aberta, assinada por sete ex-Chefes de Estado-Maior da Armada (CEMA) , Almirantes Melo Gomes, Macieira Fragoso, Saldanha Lopes, Cruz Vilaça, Ribeiro Pacheco, Mendes Cabeçadas e Fuzeta da Ponte.

A Marinha ficou "em estado de sítio" com a compra da embarcação por 8 485 770 euros (75% financiada com fundos europeus).

Questionado sobre um eventual plano de revitalização da GNR, que passasse por uma vertente marítima, o ministro negou qualquer intenção de substituir a Marinha. "Desconheço qualquer pretensão por parte da GNR a substituir a nossa Marinha", referiu.

"A nossa Marinha tem dado provas de estar disponível para apoiar os portugueses seja em termos militares, seja nas suas necessidades de outra natureza. Portanto, não vejo que haja nenhuma necessidade de substituição", concluiu.