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Espiçandeira não tem mais do que 150 habitantes. A terra rural e de ruas estreitas, na freguesia de Meca, em Alenquer, tem sido notícia nacional nos últimos dias devido a um surto de casos de Covid-19.

O fogo teve início num convívio de reformados que se juntaram numa "almoçarada", a seguir à qual se reuniram, como todos os dias, para jogar às cartas. Lá se sentaram nos bancos de pedra junto a uma mesa do mesmo material, colocada debaixo de uma das árvores da pequena zona de lazer, à entrada da aldeia.

"Eles fizeram um almoço, metem-se a beber e na volta, beberam do copo uns dos outros, não sei, e apanharam", conta Carla Pereira, residente na aldeia, que chega de máscara para apanhar o autocarro que a levará a Alenquer.

O cunhado de Carla foi infetado. "Ele assim que soube enfiou-se logo em casa, depois de fazer o teste. Mas há muitos que têm e andam aí, saem para despejar o lixo e fazem como se nada fosse".

Não usam máscara. E mesmo que se cruzem com um dos vizinhos, são bem capazes de dar dois dedos de conversa. Outro local onde o fazem normalmente é no único café existente em Espiçandeira, que hoje está fechado para desinfeção.

Próximo do café há uma zona com tanques públicos para lavar roupa. Robertina Anselmo chega com um alguidar de roupa. Fartou-se de avisar o marido, um dos jogadores de sueca que se juntou com amigos na tal mesa debaixo de uma árvore, à entrada da aldeia.

“Oh Carlos, lava as mãos. Oh Carlos, não te sentes lá. Mas olhe…juntavam-se, estavam todos sem máscara”, relata.

Carlos nunca ligou aos pedidos da mulher mas, por sorte, não ficou contaminado. Desde então, Robertina fala dos recentes casos para tentar manter o marido em casa. Há dias em que não consegue.

Nesta freguesia de Alenquer, município do distrito de Lisboa, onze pessoas estão infetadas com Covid-19, na sequência de convívios ao ar livre. Esta sexta-feira, Meca regista 21 casos ativos.