Um estudo da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente concluiu que a poluição de novos carros a gasóleo atinge níveis mil vezes acima dos normais. Mas a Associação de Comércio de Automóveis de Portugal (ACAP) diz que é “uma questão de diabolização dos automóveis, em particular dos diesel”.

O estudo concluiu, com base numa análise a dois dos modelos automóveis mais vendidos na Europa, que “a poluição dos novos veículos a gasóleo atinge níveis mil vezes acima dos valores normais”.

“O diesel emite menos 15% de CO2 do que a gasolina. Eles dão como descartável esta situação e estão sempre a diabolizar o diesel, contudo, as pessoas transferem-se não para os elétricos, mas para os carros a gasolina”, sublinha à Renascença Hélder Barata Pedro, da ACAP.

Em comunicado, a associação ZERO recorda que "aquando da limpeza/regeneração dos filtros de partículas dos veículos atingem-se picos de emissão que são particularmente graves para o coração", sendo que "estas situações podem verificar-se em áreas urbanas a cada 15 quilómetros e são efetivamente ignoradas pelos testes oficiais de emissões".

"De uma forma geral, as partículas inaláveis podem aumentar significativamente o risco de doenças cardiorrespiratórias. Mais de 45 milhões de veículos contêm estes filtros de partículas na Europa, o que representa um total de 1,3 mil milhões de limpezas ("regenerações") por ano. Em Portugal, os cerca de 775 mil veículos a gasóleo equipados com filtros de partículas efetuarão, por estimativa, 23 milhões de limpezas por ano", refere a associação ambientalista.

Apesar de as partículas ultrafinas não serem medidas em testes oficiais, "são consideradas as mais nocivas para a saúde humana, pois penetram profundamente no organismo e estão associadas com o risco de cancro".

"O próximo regulamento europeu que defina os limites de emissão Euro deve acabar com estas falhas e estabelecer limites para todos os poluentes".

Francisco Ferreira, da ZERO, reconhece que “existe uma falha na legislação”, mas considera ser crucial perceber que para resolver esta situação é necessário apostar num maior uso dos transportes públicos e uma insistência na venda dos elétricos.