O autor do relatório da comissão de inquérito às parcerias público-privadas (PPP), o deputado social-democrata Sérgio Azevedo, diz à Renascença que não está surpreendido com a possibilidade de a investigação que envolve ex-ministros do Governo Sócrates vir a culminar com a constituição de arguidos a breve prazo.

De acordo com a revista "Sábado", os ex-ministros Mário Lino e António Mendonça e o ex-secretário de Estado Paulo Campos são visados na investigação e estiveram sob escuta telefónica e Sérgio Azevedo lembra que o relatório final da comissão de inquérito já apontava para indícios preocupantes.

"Quando a comissão de inquérito iniciou os seus trabalhos, já sabíamos que estava a ser desenvolvida uma investigação por parte do Ministério Público, relativamente a um conjunto de contratos sobre essas PPP. Não me surpreende, na medida em que, após a análise de um conjunto de contratos e de termos ouvidos um conjunto de personalidades directamente envolvidas e outras especialistas nessa matéria, ficou bastante provado, e isso foi praticamente unânime em todos os partidos, de que está lá tudo o que levou à falência do país", diz o deputado.

Sérgio Azevedo sustenta que "quem ler o relatório percebe que aquilo é uma verdadeira descida ao inferno" e aponta o exemplo de "entidades que concorreram a determinados concursos terem sido elas próprias responsáveis pelos estudos de tráfego que serviram de base aos concursos".

O deputado lembra, ainda, que "ministros e ex-ministros, em sede de comissão parlamentar de inquérito, tiveram lapsos de memória, nãos e recordando de documentos quee assinaram. Um conjunto de falta de regras e que contrubui para levar o país a uma situação dificílima".

A Renascença já pediu esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República sobre a investigação às PPP, mas, até ao momento, não obteve resposta.