O bastonário da Ordem dos Médicos defende que todos os agrupamentos de centros de saúde deviam ter uma ou duas unidades sempre abertas até à meia-noite, uma forma de dar resposta a doentes agudos e aliviar urgências hospitalares.

"Os centros de saúde deviam estar abertos até mais tarde, até à meia-noite deviam estar abertas pelo menos uma ou duas unidades por agrupamento de centros de saúde (ACES)", sugere Miguel Guimarães.

O representante dos médicos defende ainda que os centros de saúde com horário alargado devem ter disponíveis alguns meios auxiliares de diagnóstico.

Estas sugestões surgem numa altura em que as associações profissionais dos enfermeiros e dos médicos têm alertado para uma elevada procura nos serviços de urgência dos hospitais, descrevendo as situações como complexas ou mesmo caóticas.

Na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, pelo menos, alguns centros de saúde vão estar abertos até às 22h00, nomeadamente durante esta época do Fim de Ano.

Miguel Guimarães reconhece que há muitas pessoas que se descolam às urgências hospitalares e que não terão necessidade, mas lembra que os utentes só o fazem "porque sentem que não têm outra alternativa".

"Passámos anos a dizer às pessoas para irem às urgências. Agora temos de fazer um trabalho de educação para a saúde, explicando que há situações agudas que não necessitam de uma ida à urgência hospitalar. Mas para isso temos de ter os cuidados primários preparados para receber as pessoas. O Ministério da Saúde ainda não criou essas condições", afirmou o bastonário.

A Ordem dos Médicos assume que há situações anómalas e graves nas urgências de alguns hospitais nos últimos dias, embora não generalize o panorama a todas as unidades do país. "Na última semana houve algumas situações complicadas", disse o bastonário em declarações à agência Lusa.

Miguel Guimarães deu ainda o exemplo do Hospital de Faro, onde refere que nos últimos dias se chegaram a registar esperas de 20 horas nas urgências. "Faro tem problemas gravíssimos, há muito. Inclusive tem escalas de médicos incompletas e muitas vezes só asseguradas por internos", afirmou.