O Tribunal da Relação do Porto determinou, esta quinta-feira, que o advogado Miguel Moreira dos Santos aguarde em liberdade o desenrolar do processo com vista à sua extradição para França, em cumprimento de um mandado de detenção europeu, disse fonte ligada ao processo.
Miguel Moreira dos Santos foi ouvido durante três horas por um juiz-desembargador, numa diligência em que foi acompanhado pelo advogado José Ricardo Gonçalves.
Miguel Moreira dos Santos e o seu advogado entraram e saíram do tribunal por um acesso reservado, longe dos jornalistas destacados para o local.
O magistrado que conduziu a diligência não autorizou o fornecimento de qualquer informação aos jornalistas, disse um funcionário judicial.
Contactado posteriormente por telefone, o advogado José Ricardo Gonçalves invocou o segredo de justiça para também nada revelar e revelou-se impossível um contacto com o próprio Miguel Moreira dos Santos.
A Polícia Judiciária (PJ) informou, em comunicado, que deteve quarta-feira um português de 47 anos para o apresentar ao Tribunal da Relação “com vista à sua extradição para França”, na sequência de um mandado europeu que "tinham subjacente a eventual prática de crimes da área económico-financeira". O comunicado não identificava o detido, mas antes fonte policial disse à Lusa tratar-se de Miguel Moreira dos Santos.
O advogado em causa é filho de Gil Moreira dos Santos, sócio do escritório de advocacia GMSCC - Gil Moreira Dos Santos, Caldeira, Cernadas & Associados.
Este escritório, ao qual Miguel Moreira dos Santos não pertence “há mais de dez anos”, representa o FC Porto e o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, indica o clube em comunicado na sua página oficial.
O advogado chegou porém a representar Pinto da Costa durante o processo ‘Apito Dourado’, um processo judicial sobre eventual corrupção na arbitragem e no futebol profissional e outros crimes associados.
Nos últimos anos, Moreira dos Santos foi ainda mandatário do ex-presidente da Câmara do Porto Nuno Cardoso, do futebolista Ricardo Quaresma e do treinador António Oliveira.
O Correio da Manhã escreveu em Fevereiro de 2015 que Miguel Moreira dos Santos foi baleado no Porto, num local próximo ao do seu escritório na Foz do Douro.
O mesmo jornal refere hoje que o advogado é agora suspeito de envolvimento num esquema de burla em pirâmide e garante que “estava no topo de uma organização” que “prometia dinheiro fácil” com um retorno superior ao das instituições financeiras.
Já o Jornal de Notícias informa que o mandado foi emitido pelas autoridades do sul de França, onde o Ministério Público está a investigar um esquema do género “Dona Branca” envolvendo um homem actualmente em prisão preventiva e que em tempos foi defendido por Miguel Moreira dos Santos.
As suspeitas sobre Miguel Moreira dos Santos, escreve o jornal, incidirão sobre actos que praticou enquanto advogado daquele cliente.