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Muitos factores podem justificar a decisão tomada pelo piloto da aeronave que na quarta-feira aterrou uma praia da Costa de Caparica. A altitude a que seguia e o conhecimento da técnica de amaragem são dois deles.

Uma avaria pode ter condicionado a decisão do piloto em aterrar na areia, em vez de amarar, refere à Renascença Álvaro Neves, antigo presidente do Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

“Há técnicas para se poder amarar e deixar o avião minimamente direito em cima da água, mas se não se tem essa proficiência e o conhecimento dessa técnica é difícil. Mediante a velocidade que traz, quando toca na água vai criar um efeito e o avião vai capotar”, afirma, reconhecendo que amarar com uma avioneta traz dificuldades acrescidas.

Na opinião deste especialista, terá sido mais fácil para o piloto gerir a situação com uma aterragem no areal, sendo que a baixa altitude do aparelho também poderá ter condicionado a decisão.

A aterragem de emergência acabou por provocar dois mortos, um deles menor, e um ferido ligeiro. Mas para compreender o que se passou, há várias questões que precisam de resposta. Por exemplo: “porque é que estava a voar baixo? Porque é que estava em cima da praia e não a uma altitude considerável, como mandam as regras?”, refere Álvaro Neves.

A Procuradoria-Geral da República já confirmou a instauração de um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente e vai decorrer, em simultâneo o processo de averiguação técnica, levado a cabo pelo Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

A aeronave (Cessna 152) foi alugada à Aerocondor e partiu do aeródromo de Cascais com destino a Évora.

“A Aerocondor tinha esta aeronave alugada do aeroclube de Torres Vedras, que é proprietária e garante a manutenção da aeronave. Tratava-se de uma aula de instrução com um dos nossos instrutores seniores, 56 anos, milhares de horas voo, e de um aluno. Não temos conhecimento de quais poderão ter sido as causas e cabe agora ao Gabinete de Prevenção e Investigação apurá-las e nós vamos colaborar, tanto quanto possível”, refere à Renascença Nelson Ferreira, da Escola de Aviação Aerocondor.

Os tripulantes da avioneta são ouvidos, esta quinta-feira, pelo ministério público.