O secretário-geral dos Serviços de Informações da República (SIRP), Júlio Pereira, só soube do furto de material militar em Tancos 24 horas depois de ter acontecido e através da comunicação social.

Júlio Pereira foi ouvido na comissão parlamentar de Defesa e assumiu que, tal como Helena Fazenda, a responsável máxima pela segurança interna, também ele não foi informado pelo Exército do furto.

Júlio Pereira considera que tal falta de informação se deve a “falta de noção” dos militares.

“A questão do material militar é uma questão de segurança militar, portanto está no âmbito da Defesa, mas, a partir do momento em que as coisas desaparecem das instalações militares, transforma-se também num problema de segurança interna. Porventura, não terá havido imediata noção desse facto e daí a origem desse atraso”, disse o chefe dos serviços secretos, concluindo: “Enfim, penso que estará eventualmente aprendida a lição.”

Na audição do responsável pelos serviços secretos – que, pela primeira vez, está a ser feita à porta aberta - Júlio Pereira disse que não tinha qualquer informação que lhe permitisse prever o que aconteceu nos paióis militares.

“Os agentes da ameaça vão buscar as armas onde as puderem encontrar e de longa data sabemos que de vez em quando desaparecem armas. Agora, uma informação respeitante a um assalto neste ou naquele paiol, não tínhamos nenhuma informação nesse sentido. Se qualquer outra entidade tinha essa informação, não é do nosso conhecimento”, afirmou Júlio Pereira relativamente a noticias que vieram a público, através da revista Sábado, segundo as quais haveria uma suspeita de que estaria em preparação um assalto deste género.

“Sei que é mais fácil falar daquilo que não se sabe. Não tenho alma de papagaio e portanto só falo daquilo que sei”, continuou o chefe das secretas. Já em relação a outra pergunta dos deputados – se sabe de indícios de cumplicidade interna na base de Tancos -, o responsável pelo SIRP disse que não tem qualquer informação directa, mas considera “razoáveis” os argumentos segundo os quais este assalto exigiria “algum grau de cumplicidade interna”.

Já sobre o destino dado às armas, Júlio Pereira disse que “há um grande mercado para este tipo de equipamento, de material de guerra”. Do ponto de vista interno, pensa que o assalto pode estar relacionado com “crime organizado”, mas admite que o material tanto pode ir parar a um cenário de conflito em África ou no Médio Oriente, como a agentes terroristas.

[Notícia actualizada às 17h38]

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