A Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco diz ser um “disparate total” a recomendação de suspender a pesca de sardinha durante 15 anos, feita pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (organismo que aconselha a União Europeia).

Em entrevista à Renascença, o presidente da associação, Humberto Jorge afirma não existirem “dados científicos concretos que permitam uma recomendação tão dura quanto esta”.

Argumenta ainda que a sugestão não faz sentido até porque a sardinha tem um “ciclo de vida relativamente curto que dura quatro, cinco, seis anos: 15 anos sem pescar… para quê?”, questiona.

Humberto Jorge garante que os pescadores têm respeitado as recomendações e que o vão continuar a fazer. Agora, espera que os governos de Portugal e de Espanha reúnam dados científicos para provar que a situação da pesca da sardinha na Península Ibérica é sustentável.

Até agora este organismo recomendava uma redução da anual da captura, mas as medidas defendidas agora são mais dramáticas: a pesca deve ser totalmente suspensa, pelo menos, por 15 anos para que o stock de sardinha regressasse a níveis aceitáveis. Os pareceres do Concelho não são vinculativos.

A recomendação para proibir a pesca da sardinha foi avançada pelo "Jornal de Negócios" que ouviu o secretário de Estado das Pescas. José Apolinário contesta o parecer por não ter dados actualizados sobre a sardinha em Portugal, mas reconhece que a evolução da população de sardinha na costa nacional é um problema, que atribui às alterações climáticas.

O actual plano de gestão acordado entre Portugal e Espanha "não é precaucionário, nem no curto nem no longo prazo, tendo em conta a produtividade observada desde 1993". “Colocar o stock [de sardinhas] acima do limite de biomassa desovante adequado exigirá, com elevada probabilidade (mais de 95%), 15 anos sem pesca alguma. Porém, se o actual nível de recrutamento (número de sardinhas que superam a idade mínima de um ano para entrar no stock pescável) continuar nos níveis baixos em que está, no futuro aquele limite pode não ser atingido sequer sem nenhuma pesca", justifica o parecer citado pelo jornal.

Em Março, um despacho publicado em “Diário da República” deu a conhecer os valores da captura.

"Portugal e Espanha definiram um total de capturas de 10.000 toneladas de sardinha, até 31 de Julho de 2017, das quais 6.800 toneladas a capturar pela frota portuguesa. Estas medidas de gestão complementam o período de interdição adoptado por ambos os países nos meses de Janeiro e Fevereiro", referia o documento.