O Presidente da República apela aos partidos portugueses e espanhóis, do Governo e da oposição, para que unam esforços de modo a transformar o pacto preliminar sobre Almaraz, feito para "dar uma folga e um tempo", num acordo definitivo.

"Vamos esperar, vamos esperar. Este acordo é um acordo para dar tempo para se chegar a um acordo. É um acordo preliminar para dar uma folga e um tempo para ver se é possível um acordo", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas à margem de uma conferência em Lisboa.

O Presidente da República foi questionado sobre o anúncio feito esta terça-feira pela Comissão Europeia de que tinha acordado com os governos de Portugal e Espanha uma "resolução amigável" para o litígio em torno de Almaraz.

Na opinião do Presidente da República, todos ganhariam, do lado português e do lado espanhol, se fossem unidos "os esforços para conseguir o acordo definitivo".

"E aí penso que os dois governos, os partidos de um lado e de outro que têm influência - quer no Governo, quer na oposição, podem e devem ajudar porque há partidos diferentes nos governos dos dois países que têm parceiros noutros partidos do outro país que deviam juntar esforços a ver se é possível transformar este acordo para permitir um acordo num acordo definitivo", apelou.

Questionado sobre se o apelo era especificamente para o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, o chefe de Estado respondeu: "não, acho que devem ser os partidos dois lados, como sabe são partidos diferentes dos que estão no Governo".

"Portanto isso aplica-se para os dois lados porque é um interesse nacional dos portugueses, modestamente também penso que é um interesse nacional espanhol o bom entendimento entre os dois países. Se for possível aproveitar esta ocasião, proporcionada no quadro europeu, para um entendimento duradouro, isso seria o ideal", defendeu.

O PSD diz que o acordo entre Portugal e Espanha sobre o armazém de resíduos nucleares em Almaraz "não traz nada de novo", acusando o Governo de "atirar areia para os olhos" dos portugueses.

Uma “mão cheia de nada” atira o Bloco de Esquerda, considerando que o Governo de Espanha não cedeu.

Construção do armazém avança

A autorização de construção do armazém de resíduos nucleares em Almaraz avança, apesar do acordo entre Portugal e Espanha, confirma à Renascença o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol.

Portugal e Espanha chegaram a acordo sobre a construção do armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz. Lisboa vai retirar a queixa em Bruxelas e Madrid compromete-se a manter Portugal informado.

A notícia foi conhecida esta terça-feira, através de uma declaração conjunta do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, e do primeiro-ministro português, António Costa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, saudou o acordo para Portugal poder aceder ao estudo de impacto ambiental, mas ressalva que este desenvolvimento não impede, contudo, nova queixa na Europa no futuro.

As autoridades portuguesas poderão visitar a central nuclear de Almaraz e o Armazém Temporário Individual de resíduos radioactivos nos próximos dois meses para depois poderem fazer as propostas que quiserem, deliberou esta terça-feira o Ministério da Energia de Espanha.

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