Cerca de 300 portugueses de uma multinacional no Carregado foram transferidos para a Alemanha para cobrirem turnos de fim-de-semana e foram recebidos com protestos dos colegas alemães à chegada à fábrica.

Os trabalhadores foram recebidos à porta da fábrica da Dura Automotive, que produz componentes electrónicos para automóveis, na cidade de Plettenberg, por colegas alemães munidos de cartazes, panfletos em português e um tradutor oficial.

Os folhetos explicavam que entre 850 a 900 trabalhadores alemães da fábrica de Plettenberg serão despedidos, segundo disse à agência Lusa Fabian Ferber, representante local do maior sindicato da indústria metalúrgica na Alemanha, o Industriegewerkschaft Metall.

"Há cerca de 11 meses a sede nos Estados Unidos, anunciou o despedimento de cerca de 850 a 900 pessoas, de um total de 1.300", da fábrica de Plettenberg, explicou Fabian Ferber, acrescentando que até hoje os trabalhadores alemães estão à espera de informação sobre compensações sociais e reformas antecipadas.

"Não estamos contra os trabalhadores portugueses, eles não são nossos inimigos. A Dura é que é a nossa inimiga. Estamos a lutar pelos nossos empregos", garantiu.

Os trabalhadores portugueses chegaram à Alemanha há cerca de duas semanas para cobrirem turnos de fim-de-semana que os colegas alemães tinham recusado fazer como forma de protesto.

Alemães recusaram fazer horas extra

"A Dura queria que fizéssemos horas extra para terminar uma encomenda. A empresa tem de gerir as encomendas durante as horas de serviço normais, por isso, a comissão de trabalhadores tem direito a recusar o pedido de horas extra. Foi o que fizemos e, então, trouxeram os trabalhadores portugueses", afirmou.

O sindicato recorreu aos tribunais que, inicialmente, deram razão aos trabalhadores alemães, mas a empresa apresentou um novo plano de trabalho aos juízes e conseguiu garantir a permanência dos operários portugueses na Alemanha.

"O plano da empresa diz que durante a semana a fábrica pertence à Dura Alemanha, ao passo que aos fins-de-semana a fábrica passa a ser Dura Portugal. A fábrica troca de mãos por dois dias, algo completamente novo", segundo Ferber.

O sindicalista acredita que o objectivo da empresa é transferir a maioria dos serviços efectuados na Alemanha para a fábrica portuguesa no Carregado, uma vez que "a mão-de-obra portuguesa é mais barata e tem menos direitos do que a alemã".