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Os dias de fuga de Pedro Dias, o suspeito de matar duas pessoas em Aguiar da Beira e ferir com gravidade outras três, vão-se avolumando. Com isso em mente, a GNR aposta numa estratégia em que o homicida se sinta acossado e, por isso, cometa um erro. O cansaço que se vai acumulando pode ser um aliado precioso.

“Este indivíduo está desgastado pelo muitos dias de fuga. Mesmo que durma, não dorme em condições normais, e está a ficar psicologicamente mais desgastado. Portanto, é pressionar um bocadinho para ver se há um erro”, explica à Renascença o relações públicas da GNR, o major Marco Cruz.

O militar explica as constantes acções de perseguição e patrulha da GNR no terreno com uma comparação. Este caso é "como as ameaças de bomba. Os protocolos dizem que devemos fazer tudo como se tivéssemos ali um engenho. É isso que estamos a fazer no terreno”, resume Marco Cruz.

O major garante que a prioridade de todas as acções da Guarda é “garantir a segurança das pessoas”. Mas acossar o indivíduo não poderá deixá-lo mais nervoso e predisposto a cometer outro crime se se sentir em perigo? O relações públicas da GNR discorda. “Sempre que há uma informação credível tem de haver uma intensificação para que as hipóteses de fuga sejam reduzidas”, explica.

Marco Cruz recorda que no dia seguinte aos homicídios foi reduzido o "dispositivo visível com base nessa estratégia”. “Mas não podemos ter só um ou dois homens armados e que não estejam preparados”, defende.

Lidar com a morte de um camarada

O facto de este caso ter um militar morto e outro ferido a tiro na cabeça é um dado que, na óptica do relações públicas da GNR, pode ser lido através de duas perspectivas.

Se na estratégia, garante, "não influencia", na parte emocional pode ter efeitos. "Não digo que não afecte porque é um camarada de armas que ficou [pelo caminho]”, admite.

O que a GNR está “a fazer no terreno está protocolado". "Fazemos neste momento o que faríamos se fosse um indivíduo que não fosse militar”, garante.

Marco Cruz resume que, em “termos de comunicação e do que é visível” do trabalho da GNR, a prioridade “tem a ver com a segurança das próprias pessoas.”

“O patrulhamento de maior visibilidade tem como principal objectivo fazer com que as pessoas se sintam seguras. Este individuo já mostrou que é perigoso e que está para tudo. A dureza dos próprios homicídios demonstra isso”, resume.