A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro está a desenvolver um projecto que usa drones para recolher imagens de acidentes rodoviários. Investigadores e PSP afirmam que este método permite a obtenção de “informação mais fidedigna e maior rapidez na desobstrução da via”, diminuindo a duração da remoção de viaturas e do trânsito formado.

“O objectivo é ajudar a PSP no registo e recolha de imagens e de informação dos sinistros. Perante um acidente e chamada a PSP ao local, o agente fará a gravação do acidente com o drone, sempre após a retirada dos feridos”, afirma o investigador Joaquim João Sousa.

Para exemplificar o tipo de trabalho que poderá ser feito, foi realizado no campus da UTAD um simulacro de acidente – choque entre duas viaturas - tendo o procedimento adoptado sido o normal num acidente. A diferença, porém, é que neste “acidente” os dados foram recolhidos por dois agentes da PSP, um com recurso a meios tradicionais e outro com recurso a aparelhos aéreos não tripulados.

O comissário da PSP João Martins explica que o recurso a drones “é um projecto inédito que ainda está em desenvolvimento”, realçando que “pelos testes que efectuamos, há duas grandes vantagens: a informação é muito mais fidedigna e a maior rapidez no desimpedimento da via de trânsito”.

Na demonstração realizada no campus universitário foi utilizado um drone comercial, mas a UTAD está já a desenvolver um protótipo, de baixo peso e pequenas dimensões, que poderá ser usado em quaisquer condições, quer meteorológicas quer em ambientes no nocturnos.

Vai ser também desenvolvida uma aplicação informática que vai permitir criar um modelo tridimensional, gerado através das imagens recolhidas pelo drone, através do qual será possível fazer as medições do acidente que passarão a substituir a fita e as anotações escritas.

Carros da PSP equipados com kit

“Vamos evitar essa parte. As medições serão feitas ‘a posteriori’ no modelo tridimensional que vai ser gerado através dessas imagens”, revela o investigador João Sousa.

Os dados recolhidos serão inseridos numa plataforma, que vai estar interligada com a aplicação que a PSP utiliza actualmente. A informação pode fazer prova em tribunal e ser usada para memória futura.

“Basta um único agente chegar ao local, pegar no drone que, ao fim de 30 segundos, está a voar sobre a área do acidente e não demora mais de 10 minutos a recolher as imagens. Ao fim de pouco tempo pode-se também abrir a via”, enfatiza João Sousa.

Na primeira fase do projecto, serão os investigadores da UTAD a irem ao local do acidente fazer a recolha e processar os dados. “Os polícias usam o método tradicional, nós este novo método e depois vamos comparar para validar o processo de forma independente”, explica.

A ideia é que esteja disponível um kit com drone e comando nos carros da secção de trânsito da PSP.

O projecto conta com o apoio da Direcção Nacional da PSP e foi já autorizado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados. O objectivo é usar esta tecnologia em todo o território nacional.

O projecto é coordenado pelo docente e investigador da Escola de Ciência e Tecnologia – Departamento de Engenharias da UTAD, Joaquim João Sousa, e dará origem a uma tese de doutoramento de José Manuel Sousa, na área Informática.