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O Governo provocou uma “fractura verdadeiramente desastrosa” no sector educação, acusa Manuel Braga da Cruz em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença.

O antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa contesta os cortes estatais aos colégios com contratos de associação e a política de “concepção estatal” do PS de António Costa.

“No momento em que precisávamos de estreitar as relações entre a sociedade e o Estado em prol de metas mais ambiciosas na educação, acontece esta fractura verdadeiramente desastrosa. A política do PS e do Governo do PS é uma política de concepção estadual da educação, de monopólio tendencial da educação para tornar irrelevante a participação que a sociedade e o sector particular e cooperativo podem ter para a persecução das metas nacionais no domínio da educação”, lamenta o professor catedrático.

Contra o “monopólio estatal da Educação”, Braga da Cruz considera que “o Estado secou tudo”, chamando cada vez mais a si a missão de educar, que em primeiro lugar cabe à família, “desresponsabilizando a sociedade”.

Há uma “crescente sindicalização da escola pública”

Nesta entrevista à Renascença, o antigo reitor critica a “crescente sindicalização da escola pública, que coloca o professor no centro”. Ao invés, nas escolas particulares é o aluno que ocupa um papel central.

“Isto é uma distorção, um enviesamento grave da função da escola pública, que não está ao serviço dos interesses dos professores e existe para educar os seus alunos”, adverte.

A opção do Governo de cortar apoios aos colégios com contrato de associação, no caso das turmas em início de ciclo, é uma “inflexão muito preocupante na história do PS”, um partido da liberdade, e representa uma “rendição” e uma “cedência” dos socialistas às teses da CGTP e do PCP, acusa.

Existem vozes críticas dentro do PS a política do partido para a educação, garante. “Elas existem, não estão é a ser tornadas públicas. O mal-estar dentro de muitos sectores socialistas é manifesto, evidente e quem está atento à realidade conhece-as. Basta ver o que têm dito alguns ex-ministros socialistas sobre o que está a acontecer”, refere Braga da Cruz.

O historiador marcou presença na recente manifestação organizada pelos colégios com contrato de associação, que juntou cerca de 40 mil pessoas em Lisboa.

“Fui à manifestação para defender a liberdade da educação. O problema dos contratos de associação é apenas a pequena revelação de um problema nacional: a implementação de um sistema da liberdade de ensino.”

Manuel Braga da Cruz lembra que “essa é também a posição da Igreja Católica”, que defende que “a responsabilidade primeira de educar os filhos pertence às famílias” e devem ser os pais a “escolher a educação e a escola” que querem para os filhos, um direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem, por influência da Doutrina da Igreja.

Para este professor, as famílias deve escolher e “não podem ser sobrecarregadas com encargos quando fazem essa opção livre de uma escola para os filhos”.

“Não é lícito haver o monopólio estatal da educação, que os Papas dizem ser iníquo, nem é lícito os estados obrigarem as famílias pagarem duplamente a educação dos filhos quando optam por uma escola privada”, conclui Braga da Cruz.