A Direcção-Geral da Saúde (DGS) entregou ao Ministério da Saúde uma proposta que reduza para metade ou menos de metade (dos actuais oito gramas para apenas quatro ou três gramas) a quantidade de açúcar das embalagens individuais servidas na restauração.

A medida sugere ainda que seja obrigatório que estes pacotes apenas sejam disponibilizados aos clientes que o pedirem.

A notícia é avançada pelo “Público”. De acordo com o jornal, esta proposta é a primeira de um lote de medidas que pretendem reduzir o consumo de açúcar e, consequentemente, diminuir a taxa de doenças crónicas, especialmente a diabetes tipo 2 e a obesidade, dois dos principais problemas de saúde pública em Portugal.

Contactada pela Renascença, a Ordem dos Médicos considera a medida positiva, mas diz que não chega.

“Acho que este tipo de medidas só funciona se for acompanhada de informação e isso é que está a faltar ao país”, diz Miguel Guimarães, da secção do Norte da Ordem.

A proposta foi desenvolvida no quadro de um programa a que a DGS chama “Uma nova ambição para a saúde pública” e os trabalhos estão "na fase inicial". Seguir-se-ão, depois, outras medidas, entre as quais um aumento das taxas dos produtos alimentares com excesso de açúcar, como tinha chegado a ponderar o anterior executivo.

Recomendações e alertas da OMS

Em Março de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tomou uma posição e recomendou que o consumo de açúcares simples adicionados à alimentação se mantivesse abaixo de 10% das calorias ingeridas diariamente, aproximando-se idealmente de 5% do total de energia consumida. Isto significa que o total de açúcar adicionado aos alimentos (por exemplo em refrigerantes, sobremesas, cereais de pequeno-almoço) não deverá ultrapassar as seis colheres de chá de açúcar por dia. Uma lata de refrigerante tradicional pode conter 10 colheres de chá de açúcar.

Segundo a OMS (que se baseia nos últimos estudos disponíveis), o consumo de açúcar pelas crianças portuguesas aproxima-se dos 25% da energia ingerida diariamente, ou seja cinco vezes acima dos 5 % ideais. Estudos recentes, como o EPACI (Estudo do Padrão de Alimentação e de Crescimento na Infância),desenvolvido em parceria pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, e o Geração 21 indicam que as crianças portuguesas começam a consumir doces muito cedo, logo a partir dos 12 meses. Aos quatro anos, mais de metade bebe já refrigerantes açucarados todos os dias e 65% come doces diariamente.