O Parlamento francês debate na quinta-feira a proibição das touradas no país. No passado fim de semana, várias cidades francesas foram palco de manifestações de apoiantes e opositores da "corrida", como é apelidada em França.

Segundo a France 24, a proposta de lei foi apresentada pelo deputado Aymeric Caron, do La France Insoumise, partido de esquerda fundado por Jean-Luc Mélenchon, candidato às Presidenciais Francesas de 2022.

Será a primeira vez que a Assembleia Nacional francesa discutirá uma eventual proibição das touradas. De acordo com a Radio France International (RFI), o diploma propõe alterar a lei de bem-estar animal vigente, de modo a retirar a tauromaquia das exceções listadas.

Até ao momento, as touradas são permitidas sob a condição de se tratar de "tradições locais ininterruptas". Atualmente, esta exceção permite a realização destes eventos especialmente no sul de França, como acontece em Bayonne, Arles ou Nimes.

Caron salienta que "a maioria dos franceses concorda que as touradas são imorais". "Um espetáculo que não tem lugar no século XXI", disse à Agence France-Press (AFP), citada pela RFI.

A posição do deputado será corroborada pela sondagem da Ifop, realizada este ano, na qual 77% dos franceses mostraram ser a favor de uma proibição das "corridas".

Contudo, é muito provável que a lei não seja aprovada. Segundo a RFI, o debate tem gerado grande divisão entre os partidos e até no seio dos próprios grupos parlamentares, tanto à esquerda como à direita. Na semana passada, a comissão parlamentar criada para o efeito chumbou a proposta.

Neste último fim de semana, o sul de França assistiu a vários protestos, tanto a favor, como contra a tauromaquia. Segundo a France 24, em Nimes, uma das cidades visadas, realizam-se cerca de 14 touradas por ano, com receitas a rondar os 60 milhões de euros.

"São dois mil anos de história. Nós glorificamos os touros", sublinha Frederic Pastor, vereador do Município de Nimes responsável pelas "corridas".

Mas do outro lado, quem se opõe não fica convencido. "Uma grande maioria dos cidadãos é contra a tourada, que torna a morte de um touro num espetáculo", aponta Tiphanie Senmartin Laurent, uma das manifestantes.

E remata: "A tortura não é um espetáculo".