Ana Patrícia Semedo, 24 anos, mudou-se para Cardiff a 13 de setembro para frequentar o Mestrado em Performance Musical no Royal Welsh College of Music and Drama. Assim que aterrou no País de Gales, fez duas semanas de quarentena - um procedimento obrigatório. Depois, “foi tendo aulas”: as teóricas, via internet, as práticas, de forma presencial. E, a partir de sexta-feira, terá de viver um “lockdown”.

Tal como muitos emigrantes portugueses, Patrícia foi surpreendida na segunda-feira pelo anúncio de novo confinamento que começará a 23 de outubro e que durará duas semanas. “Sinceramente, como já sei como as coisas estão más, tenho tido sempre cuidado. Sei que isto aqui está mal. No outro dia fomos aqui a um café - eles têm uma aplicação que é preciso utilizar para ir a um café - e percebi que a área onde nós vivemos é de alto risco. Mas é continuar a ter cuidado”, diz, em declarações à Renascença.

De acordo com o governo galês, o objetivo do novo confinamento é tentar diminuir a propagação da Covid-19 numa altura em que as unidades de cuidados intensivos começam a dar sinais de estarem no limite das capacidades.

Consciente dos perigos da pandemia, a jovem violoncelista, natural de Castelo Branco, fez até agora por minimizar os seus contactos sociais. Aliás, só ia uma vez por semana ao café, sempre com os colegas de casa. “Vivo numa casa com seis pessoas. Entre alguns colegas [de universidade] também já começaram a aparecer casos. Acho que é perigoso estarmos ali [no café] a socializar, normalmente tenho ido com os meus colegas de casa, e não tenho ido assim com outras pessoas”, revela.

Para Patrícia, o anúncio de novo confinamento “não vai mudar grande coisa do que já estava a fazer”. “A escola irá continuar com o mesmo sistema. Por isso, o que vai fechar é as lojas, os pubs (bares) e os restaurantes. Mas eu também já só estava a ir uma vez por semana ao café, portanto não me vai fazer assim tanta diferença”, diz.

O recolher obrigatório no País de Gales irá abranger todos os cidadãos exceto os que são considerados indispensáveis. As escolas e as empresas estarão fechadas e todos os serviços religiosos serão suspensos.

O Governo regional já anunciou um pacote de 330 milhões de euros para ajudar as empresas que saem prejudicadas com este confinamento.