O presidente da câmara de Riace, Domenico Lucano, foi detido e colocado em prisão domiciliária, acusado de favorecimento à imigração clandestina.

A detenção culmina uma investigação iniciada há quase um ano, com base em informações de que o político recebera "luvas" do Ministério do Interior para acolher os refugiados.

Segundo a acusação, Lucano terá promovido "casamentos de conveniência" entre mulheres migrantes e homens naturais da Calábria, de modo a facilitar a permanência destas em Itália. Outra das acusações que pende sobre Domenico Lucano está relacionada com alegadas atividades ilegais nos serviços de recolha de resíduos urbanos.

O projeto de integração de migrantes de Domenico começou em 2008, bem antes da crise migratória na Europa se ter agravado. A intenção de Lucano seria acolher migrantes, mas, igualmente, combater a despovoação que afetava a região da Calábria, a sul de Itália, e, sobretudo, Riace.

O objetivo foi conseguido: desde esse período até hoje, a população de Riace aumentou de pouco mais de 500 para 1.500 habitantes.

A crise migratória tornou Domenico Lucano popular, sendo tido como um político pró-refugiados, numa Europa que tardava em encontrar entendimentos e soluções para o acolhimento. A revista "Fortune" chegou mesmo a considerá-lo, em 2016, um dos 50 grandes líderes mundiais.

A detenção de Lucano surge uma semana depois de o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, político de extrema-direita e anti-imigração, ter anunciado uma série de medidas que incluem o corte dos fundos destinados ao acolhimento e integração de migrantes.

Sendo certo que as relações entre Salvini e Lucano nunca foram as melhores, não tardou a reação do ministro do Interior: Salvini escreveu entretanto no Twitter um comentário irónico à notícia da detenção do presidente da câmara ide Riace, questionando-se sobre "o que vão dizer agora os bondosos que pretendem encher a Itália de imigrantes".