Um novo conjunto de urinóis ecológicos colocados nas ruas de Paris está a provocar o alvoroço dos habitantes da capital francesa.

Um urinol em particular, instalado na Île Saint-Louis, não muito longe da catedral de Notre Dame e com vista para os barcos turísticos que passam no rio Sena, está a causar maior indignação.

Os moradores da zona já escreveram uma carta à câmara municipal de Paris a exigir a remoção e estão a planear avançar com uma petição.

“Não há necessidade de colocar algo tão imodesto e feio num local tão histórico”, diz à agência Reuters Paola Pellizzari, 68 anos, proprietária de uma loja de arte. “Fica ao lado do edifício mais belo da ilha, o Hotel de Lauzun, onde viveu Baudelaire”, acrescenta, referindo-se ao poeta francês do século XIX que por ali habitou.

Paola teme também que o urinol, instalado a cerca de 20 metros de uma escola primária, “incentive o exibicionismo”.

Antigamente chamada de "ilha dos palácios", devido grande número de mansões ali existentes, e situada em pleno coração de Paris, a Île Saint-Louis é muito frequentada pela classe alta parisiense. Alguns moradores temem que o recetáculo, com pouca privacidade, possa perturbar a vizinhança.

“É horrível”, diz o dono de uma outra galeria de arte, que não se quis identificar. “Disseram que temos que aceitar isto, mas é absolutamente inaceitável. Está a destruir o legado da ilha. As pessoas não se podem comportar?”, questiona.

Os “Uritrottoir”, assim designados, começaram a ser colocados em Paris no início de 2017. O design é simples: trata-se de uma caixa, com uma abertura discreta e coberta por palha no interior, o que permite reduzir o cheiro. O topo do dispositivo é preenchido por flores.

A ideia é eliminar o odor a urina que emana de algumas ruas da capital francesa e tornar os urinóis públicos mais amigos do ambiente. As caixas estão equipadas com um sistema eletrónico que envia um sinal quando o material atinge o limite de saturação.

Mas há também quem considere a solução discriminatória. “Foram instalados com base numa preposição sexista: os homens não se conseguem controlar [do ponto de vista da bexiga e por isso toda a sociedade tem que se adaptar”, diz Gwendoline Coipeault, do grupo feminista francês Femmes Solidaires, à agência Reuters.

“O espaço público deve ser transformado para causar o mínimo de desconforto”, argumenta. “É um absurdo, ninguém precisa de urinar na rua”.