O responsável pelos Negócios Estrangeiros dos EUA, Mike Pompeo, ameaçou esta segunda-feira implementar "as mais duras sanções da História" contra o Irão caso o país não aceite fazer grandes concessões quanto ao acordo nuclear firmado com a comunidade internacional em 2015.

Numa palestra na Fundação Heritage, três semanas depois de Donald Trump ter anunciado o abandono desse acordo, Mike Pompeo exigiu a Teerão que introduza "grandes alterações" ao tratado se não quiser ser atingido por sanções duras que, garantiu, vão destruir a economia iraniana.

"Isto é só o início. A picada das sanções vai ser dolorosa. Se avançarmos, estas vão ser as sanções mais fortes da História", avisou o responsável de política externa. A administração norte-americana, acrescentou, "nunca" vai deixar que o Irão desenvolva armas nucleares. "Nem agora nem nunca."

Note-se que, no rescaldo da decisão do Presidente Trump, as sanções contra Teerão que tinham sido suspensas aquando da assinatura do tratado voltaram a entrar em vigor. O novo pacote de sanções hoje prometido por Pompeo irá mais além e só não vai concretizar-se se o país cumprir 12 exigências delineadas pelo secretário de Estado.

A administração Trump quer, entre outras coisas, que o regime dos aiatolas acabe com o seu programa de mísseis balísticos, liberte todos os norte-americanos que estão presos no país e suspenda todos os seus apoios ao que Pompeo diz serem "milícias e grupos terroristas" no Médio Oriente e para lá dele.

O encarregado de política externa também exigiu que o país seja proibido de utilizar um reator nuclear de água pesada, a forma mais básica de produzir energia nuclear. "O Irão nunca mais vai ter carta branca para dominar o Médio Oriente", prometeu Pompeo na sua intervenção.

O acordo rasgado por Donald Trump no início de abril tinha sido firmado em 2015 pelo chamado P5+1, ou seja, pelos cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - China, Rússia, EUA, França e Reino Unido - mais a Alemanha para impedir o Irão de desenvolver armas nucleares.

Sob esse acordo, o país aceitou não desenvolver armas nucleares e inspeções regulares às suas centrais. Em contrapartida, passou a poder enriquecer urânio para produção de energia para consumo doméstico e deixou de estar sancionado pelos EUA, pela União Europeia e restantes países.

Todos os países signatários à exceção da América garantem que vão manter o acordo com o Irão em vigor, criticando a decisão de Trump pelo potencial de desestabilizar a região e o resto do mundo. Dentro dos EUA, essa decisão também mereceu duras críticas por parte de especialistas e até de antigos Presidentes, como foi o caso de Jimmy Carter.