Os protestos nas ruas da capital da Venezuela entre manifestantes e forças governamentais já provocaram, pelo menos, quatro mortos e mais de 80 feridos em dia de greve nacional. Há ainda registo de 260 detidos.

Duas mortes aconteceram em Miranda, uma em Carabobo e outra em Aragua.

A paralisação foi convocada pela oposição ao Presidente Nicolás Maduro e vai durar até às 6h00 da manhã em Caracas (11h00 em Lisboa).

Face à escalada da tensão nas ruas, a oposição pede calma à população.

Henrique Capriles, do partido da Primera Justicia, falou em directo na rede social Facebook e pediu à população para permanecer em casa para evitar a escalada de violência. “Já morreram três pessoas. Não podemos facilitar, mantenham-se em casa até às 6h00 da manhã”.

“O silêncio também fala. O silêncio também é uma forma de protestar. E hoje, nós, os venezuelanos, também conseguimos demonstrar ao mundo que, faça este Governo que fizer, vamos continuar a lutar por uma solução pacífica, democrática, eleitoral e constitucional”, declarou Henrique Capriles.

O Presidente venezuelano promete mandar prender os organizadores da greve geral e garante que o impacto tem sido mínimo.

De acordo com Maduro, elementos da oposição atacaram as instalações da televisão estatal e incendiaram um quiosque dos Correios, mas foram repelidos por trabalhadores e soldados.“Ordenei a captura de todos os fascistas terroristas”, declarou.

Em todo o país há registo de ruas cortadas e de outras acções de desobediência civil contra o Governo de Maduro e a intenção de dar posse a uma Assembleia para rever a Constituição do país.

Pelo menos 97 pessoas morreram desde o início dos protestos, em Abril.

Diplomata na ONU renuncia ao cargo

O diplomata venezuelano Isaías Medina renunciou ao cargo de Ministro Conselheiro Permanente da Venezuela na ONU e acusou Caracas de violações dos Direitos Humanos.

Numa carta datada de 14 de Julho, Medina expressou "divergências irreconciliáveis" com o Governo do Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, e considera a actuação do Executivo "inconstitucional", sublinhando as "sistemáticas violações dos direitos humanos" e "crimes contra a humanidade cometidos contra civis durante os últimos 100 dias".

"A Venezuela merece ser um país para manifestar a liberdade de expressão", de respeito "pelo poder originário do povo, para exercer livremente o direito à manifestação pacífica e ao sufrágio", que elege os governantes "livres de coacção e onde todos os actos respeitem a Constituição, explicou o diplomata, na mesma missiva divulgada em Caracas.

"Um país livre de censuras, de presos políticos, com separação de poderes e alternabilidade democrática, cheio de oportunidades" e onde "se respeite a vida" e "o Estado de Direito, a honestidade, a transparência e o direito a uma opinião diferente", afirmou.

O diplomata sublinhou a "renúncia irrevogável efectiva" ao cargo, acrescentando esperar o pagamento de "uma dívida de três meses" e "dos custos de regresso" à Venezuela, como previsto na lei.

As manifestações a favor e contra Maduro intensificaram-se desde 1 de Abril passado, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças, que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.


[notícia actualizada às 8h30]

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