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Pelo menos 200 crianças morreram nos primeiros cinco meses do ano quando tentavam chegar às costas italianas, vindas do Norte de África. A média é superior a uma criança por dia.

Os dados são da UNICEF e são divulgados numa altura em que os líderes do G7 (os sete países mais ricos do mundo) se reúnem na Sicília, Itália. “São números dramáticos que levam a UNICEF a voltar a fazer um apelo aos líderes dos países mais poderosos do mundo para que olhem para esta questão da protecção das crianças migrantes”, afirma Madalena Marçal Grilo, porta-voz do organismo da ONU para a Infância, em declarações à Renascença.

A UNICEF pede a adopção de uma agenda para a protecção de crianças refugiadas e migrantes. O problema tem vindo a agravar-se de uma forma exponencial, refere Madalena Marçal Grilo, defendendo que a solução tem de partir de alguém que tenha a capacidade e o poder para o fazer.

“Ninguém melhor do que os líderes mundiais, aqueles que têm responsabilidades nos governos dos seus países”, concretiza. Além disso, para que este problema venha a ser reduzido, é preciso que, de uma vez por todas, ele seja assumido como grave.

Por isso, a responsável da UNICEF em Portugal pede agora o mesmo que pedia no ano passado e até no ano anterior: "Que sejam criadas condições para que estas crianças sejam apoiadas."

São seis os pontos que Madalena Marçal Grilo gostaria de ver nas agendas dos grandes líderes mundiais. Desde logo, “acabar com a detenção destas crianças, manter as famílias juntas, assegurar que as crianças tenham acesso a serviços, como a educação e saúde”.

Outras questões são “combater as causas que estão na origem dos movimentos migratórios e batalhar contra a discriminação e a xenofobia, tanto nos países de trânsito como nos de destino” – pontos que, segundo o organismo da ONU, poderiam alterar o destino de muitas destas crianças.

Mais atenção, por favor

Mas o apelo da UNICEF não se centra nos líderes mundiais, estendendo-se a toda a população. Na conversa com a Renascença, Madalena Marçal Grilo junta um apelo à sociedade, “para que esteja mais atenta”. Só assim, alega, “com o público em geral a mostrar a sua solidariedade e a sua mobilização, se pode influenciar os seus dirigentes”, remata.

Entre 1 de Janeiro e 23 de Maio, mais de 45 mil refugiados chegaram a Itália por mar. É um aumento de 44% em relação a igual período do ano passado. E o número inclui cerca de 5.500 crianças não acompanhadas – um acréscimo de 22% face a 2016.

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