O protesto é invulgar, mas são os pais espanhóis que o estão a promover. Durante todo o mês de Novembro, os alunos da escola pública espanhola estarão em greve contra os trabalhos de casa.

É pelo menos essa a intenção da Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães de Alunos (Ceapa) que acredita que o excesso dos TPC tira tempo às famílias e impede as crianças de brincar e participar em actividades artísticas e culturais.

A organização apresenta um estudo que indica que 48.5% dos pais de alunos da escola pública afectam de forma negativa a vida familiar. “Propomos algo tão revolucionário como querer recuperar o tempo livre com os nossos filhos ao fim-de-semana”, ironiza José Luis Pazos, presidente da organização, em declarações ao jornal “La Vanguardia”.

A Ceapa defende um modelo em que o trabalho curricular pode, e deve, ficar-se exclusivamente pela sala de aulas.

Assim, durante todo o mês de Novembro a associação convida os professores a não enviarem trabalhos de casa para o fim-de-semana. Caso o façam, os pais que aderem ao protesto mandarão uma nota para a escola na Segunda-feira a explicar que os seus filhos não fizeram os deveres. A campanha está a ser divulgada nas redes sociais com o hashtag #NoalosDeberes.

Mas o objectivo final do protesto vai mais longe do que evitar os trabalhos de casa aos fins-de-semana. A Ceapa quer acabar com eles de vez. Pazos recorda, novamente em declarações ao “La Vanguardia”, que já existem muitas escolas que funcionam sem trabalhos de casa, provando que um modelo diferente “é possível” e com “bons resultados”. O dirigente enfatiza que o protesto não é contra ninguém em particular, fazendo questão de se solidarizar com os professores, muitos dos quais são pais e mães também.

Segundo a organização, a comunidade educativa e a maioria das organizações sindicais concordam com a necessidade de alterar o modelo.

O estudo que serve de base a estas conclusões foi financiado pelo Ministério da Saúde e será entregue a este em breve, anuncia a Ceapa.