A nova Encíclica do Papa, “Fratelli Tutti”, “é muito oportuna” e “não é daquelas boas intenções que passam ao lado do mundo”, dizem Henrique Raposo e Jacinto Lucas Pires nesta quarta-feira.

Publicada no domingo, a Encíclica apela à fraternidade e solidariedade social, denuncia o individualismo, condena a pena de morte (que considera uma ofensa à dignidade humana) e contém uma série de curiosidades e citações, incluindo de um documentário de Wim Wenders.

“O Papa pede mudança”, diz Jacinto Lucas Pires, recordando que o documento “teve respostas muito duras, o que é bom sinal”.

“Tem uma visão muito interessante da globalização”, à qual aponta “uma falta de sentido de pertença e uma ilusão de comunicação”, acrescenta o comentador do programa As Três da Manhã.

Quer Lucas Pires quer Henrique Raposo consideram que a mensagem do Papa vai além das relações pessoais: “o amor cristão também é civil e político”.

Henrique Raposo aproveita para alertar contra o voto nacionalista. “Há no voto cristão, de novo, uma nova tentação nacionalista. Os católicos podem votar nos nacionalistas, mas aí estão a negar o seu catolicismo, estão a incorrer no nacionalismo pagão”.

Nesta quarta-feira, os dois comentadores falaram também sobre o novo nome para o Tribunal de Contas: José Tavares.

“O Governo está a pôr-se a jeito”, diz Jacinto Lucas Pires. “Acho bem a ideia dos mandatos únicos, mas deveria ter sido dito antes e, por outro lado, parece-me que o Governo tem níveis diferentes de rigor para instituições diferentes”, aponta.

Henrique Raposo lembra que o novo presidente do Tribunal de Contas “é considerado muito próximo de Paulo Campos, que está ligado a uma das piores faces da governação de José Sócrates”. E considera que o Presidente da República “se precipitou ao aceitar este nome” e prevê uma nova polémica.

“É exigido rigor, transparência nos processos e clareza nas escolhas e acho que estamos longe desse panorama”, conclui Jacinto Lucas Pires.