O governador do Banco de Portugal tem estado debaixo de fogo da comunicação social e de alguns políticos, que o acusam de, quando administrador da Caixa Geral de Depósitos entre 2004 e 2006, ter tido responsabilidade na concessão de créditos ruinosos por esse banco do Estado. Talvez esperando justificar-se perante a comissão parlamentar que vai analisar aqueles créditos, Carlos Costa pouco falou do assunto durante semanas, apenas emitiu dois curtos comunicados a desmentir acusações pontuais.

Como a sua audição na comissão parlamentar tardava e entretanto se multiplicavam as acusações, o governador foi à SIC na terça-feira, para ser entrevistado por José Gomes Ferreira. Este jornalista, como era sua obrigação, não facilitou a vida a C. Costa. O que só valoriza o depoimento do governador, que apresentou factos – não opiniões – que, no meu entender, o ilibam totalmente de qualquer falha legal ou ética na concessão de créditos malparados pela CGD. Aliás, a auditoria que elencou 25 desses créditos não envolve C. Costa em qualquer deles.

Naturalmente que o governador do Banco de Portugal continua a ser atacado por Ricardo Salgado, ex-líder do BES e do GES (grupo Espírito Santo). Não surpreende: C. Costa enfrentou o antigo “dono disto tudo”. A justiça ditará a sentença deste caso. Mas, quanto à CGD, não tem sentido fazer de C. Costa um bode expiatório.