O primeiro ministro espanhol, o socialista Pedro Sanchez, apresenta hoje no parlamento, em Madrid, a sua proposta de orçamento, que será votada na quarta. Tudo indica que não será aprovada, o que implicará novas eleições legislativas.

P. Sanchez não apenas não tem maioria nas Cortes (o parlamento de Espanha) como conta ali com poucos deputados do seu partido, o PSOE. Conseguiu, em 1 de Junho passado, ser investido como primeiro-ministro graças ao apoio pontual de partidos das autonomias, como é o caso dos independentistas catalães.

Ora, aí P. Sanchez sofreu uma dupla derrota. Na sua tentativa de negociar com esses independentistas o primeiro-ministro fez demasiadas concessões. A última foi aceitar um diálogo com os independentistas da Catalunha como se de outro país se tratasse, com um mediador neutro (designado “relator”).

Esta proposta foi duramente criticada, não só pelos partidos à direita do PSOE, como por muitos militantes deste partido, incluindo o antigo primeiro-ministro Felipe Gonzalez. As tendências independentistas em algumas regiões autónomas de Espanha, como a Catalunha e o País Basco, são muito impopulares no resto do país.

A outra derrota foi o desacordo com os independentistas catalães, que assim não irão votar a proposta orçamental de P. Sanchez. O PSOE sempre foi um defensor da unidade de Espanha e da inconstitucionalidade da posição dos independentistas catalães. Sanchez também fez questão em não interferir na justiça espanhola, considerada parcial por vários dirigentes catalães; amanhã o Supremo Tribunal começa a julgar 12 dirigentes independentistas que foram presos.

Na própria Catalunha cerca de metade da população não quer separar-se do Estado espanhol. Nem a UE, contra o que alguns esperavam, deu qualquer apoio aos secessionistas.

Agora prevêem-se eleições gerais antecipadas em Espanha. O Partido Popular (PP), o Cidadãos e o Vox (extrema-direita) já se uniram para apoiar um governo de direita na Andaluzia, desalojando o PSOE. O Vox foi novidade e empurrou o PP mais para a direita. Veremos se o centrista Cidadãos aceitará entrar numa eventual coligação com o PP e o Vox para um governo nacional. Já um governo de esquerda (PSOE com Podemos) parece improvável.

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