Prevê-se uma grande afluência às urnas nas eleições autonómicas de hoje na Catalunha. Daí a esperança de que esta votação dê uma ideia relativamente fiável sobre o que pensa a maioria dos catalães: quer a independência ou prefere manter-se integrada no Estado espanhol, porventura com maior autonomia?

A maioria dos votantes e a maioria dos deputados autonómicos nem sempre coincidem, pois nas zonas urbanas, sobretudo em Barcelona, são precisos mais votos para eleger um deputado do que nas zonas rurais. E parece difícil a formação de uma coligação governamental, seja de independentistas, seja dos que se querem manter espanhóis.

Tirando a hipótese de os pró-espanhóis lograrem uma claríssima vitória, os outros resultados possíveis pouco ou nada resolverão. Sobretudo se os independentistas ganharem, colocando Rajoy numa posição politicamente complicada.

A sociedade catalã está dividida. Muitos dos que hoje vivem e trabalham na Catalunha – a região mais rica de Espanha – não nasceram ali. Por isso tendem a desejar uma Catalunha espanhola. Ao invés, muitos dos que são catalães há várias gerações não querem renunciar à aspiração independentista, que, com maior ou menor expressão, existe há séculos.

Mas uma independência da Catalunha teria consequências económicas dramáticas. Contra o que alguns sonhavam, com alguma irresponsabilidade, uma Catalunha independente não entraria na UE, pelo menos nos anos mais próximos. E a instabilidade sobre o futuro da região travará o regresso das cerca de três mil empresas que retiraram dela as suas sedes.

O tempo é de incerteza.

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