Putin foi à Síria festejar a vitória. E anunciou que irá começar a retirada de grande parte dos militares russos que ajudaram Bashar-al-Assad a manter-se no poder.

Claro que Putin fala em ter “derrotado os terroristas”, o que só em parte é verdade (no caso do “Estado Islâmico”). Entretanto, a Rússia manterá duas bases militares na Síria, que a qualquer momento poderão ser reactivadas.

Assad não hesitou em usar armas químicas contra a sua própria população. Devia ser preso e julgado. Mas Putin manteve-o, porque ele contribuiu para que a Rússia se tenha tornado um país influente nos inúmeros conflitos do Médio Oriente.

Trump faz o movimento inverso. A decisão de transferir a embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém impede Washington de desempenhar qualquer papel de medianeiro no conflito israelo-palestinano. E ter tomado claramente o lado dos sunitas (Arábia Saudita) contra os xiitas (Irão) corta a possibilidade de Trump assumir um papel diplomático positivo neste outro conflito grave que assola o Médio Oriente.

Mas tudo isso pouco importa ao ainda Presidente dos EUA. Ele está virado para dentro. E interessa-lhe, sobretudo, desviar as atenções dos americanos do caso das ligações aos russos na campanha eleitoral e, também, das acusações de assédio sexual que recentemente se multiplicaram.

A declaração sobre Jerusalém serviu para esse desvio de atenções. E o anúncio da construção de uma base na Lua, para futuras viagens a Marte, também. Trump cada vez mais se parece com Kim Jong-un. O mundo está, realmente, muito perigoso.