O governo espanhol não recuou na questão de Almaraz. Nem publicamente pediu desculpa por ter esquecido Portugal. Madrid ignorou o nosso país, avançando para um facto consumado na construção de um armazém de resíduos nucleares.

À Comissão Europeia cabe decidir se a Espanha violou a directiva que exige uma avaliação de impacto transfronteiriço.

Suspeito que Almaraz não será, neste ano, o único problema com Espanha. Tem chovido pouco, reduzindo a água nas barragens portuguesas. Boa parte dessa água vem de rios (Minho, Douro, Tejo, Guadiana) com origem em Espanha.

Sobre a gestão desses rios foi celebrada em 1999 uma Convenção luso-espanhola; em 2008 acordou-se um novo regime de caudais para a gestão partilhada dos rios luso-espanhóis. Mas as coisas nem sempre funcionaram bem (excessiva retenção de água em Espanha, por exemplo) e em 2015 os ministros do Ambiente do Ambiente dos dois países prometeram actuar de forma “mais coordenada” na gestão dos caudais dos rios ibéricos em períodos de seca. E anunciaram maior monitorização da qualidade da água desses rios.

Depois do que se passou com Almaraz, convém estar prevenido.

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