Não foi uma, nem duas, mas três vezes. António Costa quis mesmo usar a expressão "campanha negra" para atacar o PSD e Paulo Rangel, o cabeça de lista social-democrata às eleições europeias. Num discurso em Faro, o secretário-geral socialista saiu em defesa de Pedro Marques, após as declarações desta terça-feira de Rangel sobre os incêndios no país.

"Não, a vida política não é um espetáculo para as televisões, não são frases engraçadinhas, não são campanhas sujas e negras que se vão construindo, arregimentando artificialmente nas redes sociais perfis falsos para atacar e denegrir os adversários, não, isso não é política, isso é sujeira, isso não é digno da democracia”, disse Costa.

Num comício à pinha em Faro, António Costa recuperou uma expressão usada em 2009 por José Sócrates, também em plena campanha eleitoral, mas para as legislativas. E não foi lapso, porque à segunda vez Costa reforçou a ideia dizendo que "não vamos entrar aqui num concurso de piadinhas nem na campanha suja, nós vamos fazer o que aprendemos a fazer ao longo dos anos na vida política".

E ao terceiro ataque ao PSD, o líder socialista avisou: "desiludam-se" os que julgam que "metem medo" ao PS "com campanhas negras", ou com "os insultos nas redes sociais", com Costa a garantir que nunca metem medo ao partido com esses insultos e que os socialistas andam de "cara levantada".

No discurso mais duro do líder socialista no período oficial de campanha, Costa atacou Paulo Rangel dizendo que "a política não se faz a andar de helicóptero, mas cara a cara com as pessoas", numa referência à viagem aérea do cabeça de lista social-democrata que levou depois às declarações sobre os incêndios de 2017.

E diga-se que Costa foi tão forte no ataque ao PSD, como foi próximo e quase emocional quando se dirigiu ao cabeça de lista do PS às europeias que ele próprio escolheu e que vê agora necessidade de defender.

A Pedro Marques, o secretário-geral socialista garantiu que "está aqui a tua gente, vai em frente", atirando também um "estamos contigo até à grande vitória" de dia 26 de maio, lembrando ainda os três filhos do candidato e o que estes pensam sobre a falta que o pai lhes faz. Aqui, o líder socialista comparou-o à sua própria situação, garantindo ao seu escolhido para esta campanha que os filhos o que nunca perdoariam é que nessas "muitas vezes" em que esteve "ausente" não tivesse estado "a trabalhar para o país".

Antes deste discurso, falou Pedro Marques, que em sete minutos foi curto e grosso, com o mesmo objetivo: o ataque ao PSD e a Paulo Rangel. O cabeça de lista do PS disse que "a campanha foi longe demais" e que "na corrida pelo oportunismo mais lamentável, Rangel ganhou… de longe".

O candidato ao Parlamento Europeu (PE) acrescentou que o adversário político "escolheu sobrevoar a dor das pessoas e do território, desiludiu os que por lá esperavam, mesmo que com dois anos de atraso, uma palavra, um gesto, um momento para ouvir e compreender", referindo-se também aqui às zonas afetadas pelos incêndios de 2017.