As empresas de transportes de mercadorias acusam o Governo de falta de vontade para aliviar a carga fiscal sobre os combustíveis. Em causa está a tendência de escalada do preço, em particular do gasóleo, desde a segunda metade de 2017.

"É fácil gerir orçamentos assim: eu também sou muito bom a gerir a minha empresa se reduzir ordenados porque o preço dos serviços aumentou. Não pode ser assim. Não podemos viver com isto", diz à Renascença o presidente da Associação de Transportadores de Mercadorias (ANTRAM).

Gustavo Paulo Duarte diz não compreender o mecanismo de formação dos preços dos combustíveis: "o gasóleo está tão caro que basta ir à história dos últimos três a quatro anos – quando o barril de petróleo estava a 150 dólares – e pagávamos 1,40 euros por litro. Agora que o preço do barril é metade desse valor, estamos a pagar 1,38 euros? Não faz sentido".

O dirigente garante que "os camiões vão continuar a andar, porque as mercadorias têm de ser transportadas" – isso não vai deixar de acontecer "só porque o preço do gasóleo não para de subir".

Só que "a sustentabilidade das empresas e os postos de trabalho são postos em causa sempre que se tomam medidas destas", insiste.

Por isso, avisa: pode haver aumentos nas tarifas de transporte, caso não sejam tomadas medidas para reverter este quadro, e a consequência será que "as prateleiras dos supermercados vão ficar mais caras", porque "muitos dos contratos de transporte estão indexados aos preços dos combustíveis".

Neste momento, um litro de gasóleo custa, em média, 1,38 euros e a subida do preço do barril Brent para os 73,48 dólares faz temer uma nova subida dos preços nos próximos dias.