Para algumas indústrias são resíduos, para outras podem ser matérias primas, mas neste momento acabam em aterros. Falamos de cinzas, lamas ou solventes, que se fossem aproveitados como matéria prima podiam criar até 1.300 novos postos de trabalho.

A conclusão é de um estudo do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, que vai ser apresentado esta terça-feira em Lisboa. Segundo o trabalho, intitulado “Sinergias Circulares: Desafios para Portugal”, que analisou dados de 32 empresas portuguesas, incluindo algumas das maiores do país, mais de metade dos resíduos não são aproveitados.

As cinzas podem ser usadas na construção, no asfalto, na agricultura e por cimenteiras. Já as lamas, podem ser aproveitadas pela indústria do papel ou como fertilizante para os solos. Os solventes podem ser aproveitados na produção de tintas e combustíveis.

Esta reutilização pode gerar 32 milhões de euros de valor acrescentado bruto, reduzir os consumos intermédios em 165 milhões e diminuir em mais de cinco milhões de toneladas a extração de matérias primas no país.

Todos os anos, as 32 empresas analisadas produzem 8,3 milhões de toneladas de 267 tipos diferentes de resíduos. Destes, apenas 43% são valorizados. A maioria (57%) acaba em aterros.

De acordo com o estudo, a travar a reutilização destes resíduos está muitas vezes a falta de informação, a burocracia, falta de capacidade técnica, os custos e barreiras legislativas.

O documento defende, por isso, que é preciso promover o financiamento da economia circular, alterar a regulamentação e desbloquear barreiras.

O estudo pretendeu avaliar o potencial económico, ambiental e social da economia circular através da criação de simbioses entre as indústrias, permitindo que os resíduos produzidos numa atividade possam ser aproveitados como matéria-prima por outra.