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Os “call centers” empregam entre 80 mil e 100 mil pessoas em Portugal e a previsão é que esse número continue a crescer. Os dados da Associação Portuguesa dos Contact Centers (APCC) são avançados esta segunda-feira pelo “Jornal de Notícias” (JN).

Estes números representam o dobro dos valores avançados em Outubro de 2014 pela APCC à Renascença. Nessa altura, a associação estimava que o sector empregasse entre 40 mil a 50 mil pessoas.

O JN descreve várias situações de abuso no sector, que vão de sucessivos contratos a prazo (quinzenais, diários ou a termo incerto), assédio moral, necessidade de autorização para fazer uma pausa ou ir à casa de banho.

Denúncias como estas não são novas. Em Outubro de 2014, a Renascença traçou um retrato do “lado negro” dos “call centers”, onde cabia omissão de informação aos clientes, alta pressão para vender, baixos salários, precariedade extrema, chamadas em série, stress e problemas de saúde.

A associação nega que situações como esta sejam a norma do sector. “É profundamente injusto que o sector seja julgado pelas excepções”, afirmou ao JN o secretário-geral da APCC, Jorge Pires.

O grupo de trabalho de combate à precariedade, criado no âmbito da maioria parlamentar de esquerda que apoia o Governo, está a trabalhar na melhoria das condições destes trabalhadores, nomeadamente no que toca aos abusos de contratos a prazo, alguns deles de um só dia.

Ao “Jornal de Notícias”, Isabel Pires, deputada do Bloco de Esquerda e ex-trabalhadora de “call center”, afirmou que trabalhou três meses com sucessivos contratos semanais.