Aqui estamos, Senhor, à beirinha do Advento,
Que és Tu que vens de mansinho bater à nossa porta,
Visitar a nossa casa,
Comer à nossa mesa,
Sentar-Te à nossa beira.
E enquanto te aqueces à lareira,
E começas a contar a tua história,
É como se se abrisse uma clareira,
E tanta coisa me passa na memória.
Vejo-te aqui sentado ao meu lado.
Faço contas:
Éramos tantos ao princípio,
Entusiasmados,
A ouvir e a repetir as tuas histórias,
Aqueles pedaços de Evangelho
Que não nos deixavam pregar olho
Naquelas velhas enxergas de folhelho.
E então quando o Natal se aproximava,
E corríamos à procura de musgo pelos montes,
E também de uns pinheirinhos novos,
Com cheiro a verde e a resina,
Que alegria ardia nos meus olhos,
Que, sem o saber, bebia as fontes,
Entrava pelas chaminés,
Construía pontes,
Desenhava horizontes.
Vem, Senhor Jesus.
E vindo, não te esqueças de bater à minha porta,
Entrar em minha casa,
Comer à minha mesa,
Onde já arde uma luz acesa
E se sente o odor do vinho e do pão.
Falta apenas o calor da tua mão.