Num olhar rápido vi a sua figura curvada, tão curvada que só conseguia ver o chão.
Precisou de torcer as costas deformadas, para perceber se podia atravessar a rua.

Quando assimilei o que tinha visto, já tinha ficado para trás, na corrida do trânsito que
não suporta segundos de paragem, sem motivos que o justifiquem.
Dei por mim a pensar em como se fala de Ti, meu Jesus, a quem não consegue olhar o céu?
Como se anuncia o Teu reino, a quem só consegue ver o chão rasteiro, o alcatrão velho e queimado?
Como se anuncia a beleza da Ressurreição, a firmeza do Teu andar, as Tuas mãos erguidas?
Como se mostra a beleza dos lírios do campo e o voar das andorinhas no céu?...
Nesta noite eu Te peço meu Jesus, a Ti que caíste desamparado no chão,
eu Te peço por ela. Por aquela velhinha de quem não sei o nome, nem vi a cara.
Eu Te peço que lhe dês a mão, e a levantes e lhe mostres o céu que nos espera.
E ajuda-me a saber ver a Tua presença em quem passa ao meu lado.