26 set, 2017 - 07:38 • Liliana Carona
Há 46 anos que está na República Democrática do Congo. Hoje com 78 anos, o padre Alfredo Neres tem um novo nome. “Traduzido na tribo Zande, o meu nome significa ‘eu amo toda a gente’ e é assim que me chamam: o padre que nos ama”, sorri.
Numa breve passagem por Viseu, no âmbito de um encontro do renovamento carismático católico, o padre Alfredo Neres contou à Renascença o trabalho que tem desenvolvido junto da população da República Democrática do Congo.
Na saúde, por exemplo, o sacerdote missionário revela que, numa extensão de 16.700 quilómetros quadrados, tem 103 aldeias que visita com frequência.
“Não havia dispensários, o hospital mais próximo ficava a 200km e então, em colaboração com os leigos, fizemos um dispensário a cada 30Km, mandámos jovens estudar enfermagem e depois voltaram para tomar conta desses dispensários”, explica.
A área do ensino também tem sido uma das preocupações do padre Alfredo Neres. “Mais de 90% das pessoas eram analfabetas, construímos escolas nas grandes aldeias, escolas primárias e secundárias que não havia, e agora até universidades têm”, assume com orgulho.
Alfredo Ribeiro Neres ensinou até a cultivar. “Criámos, nas paróquias onde estive, cooperativas de produção, dando instrumentos de trabalho para fazerem campos em grandes quantidades. Conseguimos fazer que, em troco do arroz e amendoim que produzem, tivessem dinheiro para comprar uma bicicleta em vez de fazerem 20km a pé”, congratula-se pelo trabalho desenvolvido em contexto de guerra.
“Desde 1996 que estamos em guerra, durante sete anos andei a fugir às balas dos militares, a esconder-me na floresta”, acrescenta o missionário comboniano a trabalhar no Congo.
Em 2009, o padre Alfredo Ribeiro Neres foi agraciado pelo Presidente da República com a Ordem de Mérito – Grande Oficial.
A viver na vila e diocese de Isiro, com 120 mil habitantes e onde a maioria das casas são cobertas de palha, o padre missionário que nasceu em Montes da Senhora, Proença-a-Nova, não quer regressar a Portugal.
“Gosto de lá estar, sinto-me lá bem, é ficar lá até à morte”, conclui, adiantando o projeto que se segue. “As casas são cobertas de palha e o nosso próximo desafio é ajudá-los a cozer e fazer tijolos”.
Nascido numa família de quatro irmãos, tem uma irmã religiosa comboniana a trabalhar como missionária no Uganda.