09 jul, 2017 - 10:12 • Isabel Pacheco
O arcebispo primaz de Braga completa este domingo 50 anos de sacerdócio. Ordenado a 9 de Julho de 1967, diz à Renascença que a preocupação de sempre da sua vida como padre foi ter uma igreja integrada e liberta de caminhos tradicionalistas.
“Posso dizer que é quase uma obsessão falar das exigências da renovação que hoje se pede. Quer dizer, deixar determinados caminhos tradicionalistas para optar por aqueles caminhos que correspondem a uma Igreja inculturada nos dias de hoje, integrada na sociedade, e aí agir como fermento para uma sociedade nova e melhor”, explica.
O desejo de renovação é o tema transversal às comemorações das bodas de ouro sacerdotais do arcebispo de Braga, que na semana de conferências que se inicia convida a comunidade e o clero à reflexão sobre o futuro da Igreja.
“Naturalmente, o bispo vive para a construção da comunidade arquidiocesana e tem de reflectir, tem de fazer um exame de consciência e tem de reconhecer que é preciso andar para a frente, renovar alguns aspectos”, reconhece D. Jorge Ortiga, ex-presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, para quem a missão social da Igreja “não é uma opção, é uma necessidade”.
“A Igreja não é ela mesma se efectivamente não se estrutura e organiza como um espaço de serviço em favor dos mais pobres e carenciados. E nunca fará o suficiente”, sublinha o arcebispo, que já presidiu também à Conferência Episcopal Portuguesa.
D. Jorge Ortiga elege a dignidade das pessoas como “a luta da Igreja” e o desemprego como “o flagelo” que mais o preocupa. “Podem dizer que a taxa [de desemprego] está a diminuir, mas ainda há muitas pessoas com carência de bens essenciais – podia dizer com fome, porque é verdade. A questão da habitação é um problema ainda muito grave também. Tudo aquilo que faz com que a vida do ser humano não seja uma vida digna, isso preocupa a Igreja”, aponta.
Na opinião do arcebispo de Braga, este é um trabalho de todos, dos sacerdotes e cada vez mais também dos leigos, a quem pede mais responsabilidade nos caminhos da Igreja, que tem cada vez menos padres.
Este ano não será dos piores. As comemorações dos seus 50 anos de sacerdócio começam e terminam com novas ordenações: “é um motivo de alegria, num domingo e noutro, poder louvar a Deus pela ordenação destes quatro diáconos em ordem ao sacerdócio, mais dois permanentes [dia 9] e depois seis novos sacerdotes [dia 16]”.
A dois anos de pedir a resignação (quando fizer 75 anos), D. Jorge deixa uma certeza: “o que farei como arcebispo emérito não sei, só sei que não ficarei parado, e que vou dedicar-me à pastoral em algum sector, particularmente a esse sector da pastoral social, que me diz muito, assim como porventura com à juventude e também, se puder, alguma coisa na família. Não me preocupo muito, tenho tempo para pensar nisso”.
O início da celebração está marcado para as 15h30, no Santuário do Sameiro.