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De Bruxelas para Bruxelas: Conselho Europeu é sabotado nas decisões sobre refugiados

22 jun, 2017 - 08:00 • Catarina Santos

O dedo é apontado pelo presidente do Parlamento Europeu, que espera que o órgão dirigido por Donald Tusk seja mais firme na reunião de estados-membros que hoje começa. Sobem de tom os avisos aos países que não querem colaborar no acolhimento de refugiados.

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O Parlamento foi duro na pressão que fez sobre os países que não acolheram um único migrante, a Comissão abriu um processo por infracções à Hungria, à Polónia e à República Checa e falta agora uma resposta ao mesmo nível do Conselho Europeu. Um recado do presidente do Parlamento Europeu para a reunião de estados-membros desta quinta e sexta-feira, em Bruxelas.

"Do Parlamento Europeu enviamos uma mensagem forte: Não é tempo de ficar imóvel, é necessário andar em frente, sobre o direito de asilo, mas também dando uma atenção particular a África", afirmou António Tajani esta quarta-feira, em Bruxelas, numa conferência sobre gestão das migrações, onde se ouviu repetidamente que a migração não é apenas uma situação de emergência, mas um fenómeno que vai durar.

"Hoje temos um problema de dezenas de milhares de refugiados e migrantes. Amanhã teremos um problema de milhões e milhões de pessoas que se vão mover de África para o Norte. Se não atacarmos este problema na raiz, não teremos percebido nada sobre o problema da migração", defende Tajani. O evento, organizado pelo Parlamento Europeu, contou com altos dirigentes ligados ao tema, como o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, a vice-presidente Federica Mogherini, o primeiro-ministro da Líbia, representantes da ONU.

Todos pertencem ao mesmo clube?

Coube ao ministro da Justiça e Migração da Suécia fechar o último painel. Morgan Johansson ocupa o cargo há três anos e confessa que está farto de discutir este assunto. "Tivemos reuniões formais e informais, tivemos reuniões ao jantar e ao almoço. Tivemos reuniões bilaterais e multilaterais. Creio que até tivemos reuniões ao pequeno almoço, mas ainda não conseguimos encontrar soluções de longo-prazo. E as de curto prazo que conseguimos tomar têm sido alvo de tentativas de sabotagem de alguns estados membros - e estou a falar, claro, da decisão de recolocar refugiados a partir de Itália e da Grécia".

Perante a falta de solidariedade de alguns países, o ministro sueco confessa que acorda muitas vezes mal disposto. "O meu país, a Suécia, tem sido um contribuinte da União Europeia desde que nos juntámos, há 20 anos. Todos os anos temos colocado milhões e milhões de dinheiro dos contribuintes suecos nesta organização, para construir estradas e linhas de comboio e outros investimentos estruturais noutros países. Às vezes, quando acordo de mau humor, penso se devíamos continuar a fazer isto. Porque é que estes países não pagam os seus próprios investimentos? Mas depois penso que temos de continuar a fazê-lo, porque temos de manter a Europa unida. Não podemos pensar apenas em nós próprios, temos de pensar na Europa".

Um princípio que, defende, deve valer tanto para os fundos como para gestão das migrações. Morgan Johansson diz que fica sobretudo arrepiado quando houve políticos dizer que não querem receber migrantes porque são muçulmanos. "Se há algo que nós, enquanto europeus, devíamos saber, dada a nossa história, é onde podemos acabar se colocamos grupos étnicos e religiosos uns contra os outros. E nem temos de regressar aos horrores da II Guerra Mundial e do Holocausto. Basta regressar às guerras nos Balcãs nos anos 90 para perceber o que pode acontecer se colocamos grupos uns contra os outros. A Europa devia saber isto. Não podemos nunca ir por aí".

Esta semana foi notícia que a Comissão Europeia estaria a pensar em negar o acesso a fundos europeus a países que não colaborassem na gestão das migrações. Em entrevista à Renascença, o eurodeputado Carlos Coelho defende que esse é o caminho a seguir, mesmo que custe possíveis rupturas entre estados-membros.

"Eu espero bem que não, mas se houver também vamos tirar daí todas as consequências. Se há países que sistematicamente se recusam a cumprir aquilo que são orientações comuns decididas pelos órgãos próprios no âmbito das suas competências, então de facto não devem pertencer a este clube", defende o social-democrata. "Às vezes, há alguns governos que têm atitudes tão longe daquilo que é a carta de direitos fundamentais da União Europeia que nós nos perguntamos se, de facto, devem estar dentro deste clube".

Recados que seguem directos do hemiciclo do Parlamento Europeu para o Conselho Europeu, que decorre por estes dias, em Bruxelas.


A Renascença viajou para Bruxelas a convite do Parlamento Europeu.

Comentários
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  • Jorge
    22 jun, 2017 Seixal 17:42
    Realmente depois de ler esta notícia assolou-me um pensamento. Porque será que os refugiados, todos eles crentes na fé muçulmana, não fogem para países como a Arábia Saudita, Qatar, Dubai e outros países riquíssimos, à procura de trabalho. Têm a mesma religião, os mesmos locais de culto, a língua e a escrita não deve ser muito diferente, e se são países ricos também devem pagar bem. Mas não, preferem vir para a europa que tem usos e costumes diferentes dos deles, depois além de nos quererem impor a sua cultura e religião ainda vêm exigir mesquitas para rezarem e não só. Estranho!
  • Direito à m/ opinião
    22 jun, 2017 do jardim das tabuletas 15:08
    Mas onde é que isto vai parar? Já há bairros em tantos países que parecem ser autênticos países muçulmanos. Qualquer dia já não há trabalhos para os europeus, os muçulmanos tomam conta de isto tudo. Como é que há bestas que falam em solidariedade depois de tudo o que já tem acontecido e de haver tantas mortes? É claro que muita desta solidariedade hipócrita deve esconder muitos interesses por trás. Mas pergunto, porque não vá esta gente para a arabia saudita, se lá sempre podem viver com os seus costumes? Já estou farto de ver tanta bondade disfarçada em hipocrisia. Vem todos os muçulmanos para a europa e então os europeus? Europa da mda!!!Cada vez mais sinto nojo desta cambada de idiotas, palhaços, hipócritas, que não se importam com os seus mas que querem se mostrar de bonzinhos com os muçulmanos. Tomara que rebentem todos algum dia. Nojo! Acolhem todos! Um dia os muçulmanos na europa ainda vão fazer guerra entre si e depois tanto vão matar europeus como se vão matar uns aos outros. Esta gente nasce e cresce a odiar, odeiam tudo e mais alguma coisa, nem que seja por aquilo que já aconteceu há mil anos e depois para eles os de agora é que têm que pagar por tudo. A mentalidade desta gente é completamente tonta, não conseguem respeitar as diferenças mas exigem que os outros os respeitem mesmo vivendo nos países dos outros. Não conseguem viver em paz a não ser sempre em guerra. Vá agora censurem mais uma vez o meu comentário RR É que o fascismo era antes de 74.
  • Mario
    22 jun, 2017 Portugal 13:30
    Tentam impressionar a opinião publica com fotos assim onde há mulheres e crianças isto e pura propaganda. Fora e com todos eles todos que vao para as suas terras e mudem por la os regimes. Na Venezuela, tambem ha problemas serios mas ainda nao vi que eles estejam a abandonar o seu Pais.

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