21 dez, 2016 - 09:01
Nuno Morais Sarmento admite que concorrer à Câmara de Lisboa seria algo muito motivador, mas esse cenário "agora, é difícil", porque o próprio PSD "tornou-o praticamente impossível".
"Se [me perguntassem o que] me motivaria mais disputar as eleições para a Câmara de Lisboa ou para a liderança do partido, diria 'eleições para a Câmara de Lisboa'. Sem nenhuma hesitação. Porque é uma cidade onde vivo, são os problemas que vivemos todos os dias, onde achamos que podemos fazer diferente. Agora, é difícil e o PSD tornou-o praticamente impossível", diz o antigo ministro social-democrata, no programa da Renascença "Falar Claro".
"Não excluo outros cenários e não por causa de um direito cívico. Se me perguntar se daqui até ao fim da minha vida vou ter uma indisponibilidade permanente para tudo e todos, obviamente, que não", acrescenta.
Morais Sarmento diz que as suas "circunstâncias pessoais e profissionais são sempre contrárias a qualquer compromisso político continuado".
"Eu trabalho a sério, tenho uma profissão a sério. Os meus envolvimentos políticos existem há 40 anos e, no entanto, só exerci funções durante três anos e meio. Sempre defendi que era possível fazer política em Portugal sem ser um profissional da política. Eu quis viver assim a minha vida: não ser um profissional da política. Não sou um daqueles que estão sempre disponíveis. Quem está sempre disponível é quem não tem nada para fazer", diz.
"Neste momento estou a viver a minha profissão e envolvido em projectos, por exemplo, em Moçambique, país que vive uma situação difícil. Este seria o último momento em que poderia largar qualquer desses projectos. Seria de uma irresponsabilidade total para comigo mesmo e para com os os outros envolvidos. Esta é a hora difícil em que é preciso estar lá e aguentar", acrescenta.
Nestas declarações, Morais Sarmento não poupa críticas ao PSD. "Acho que o processo tem sido no mínimo muito confuso. Estamos a assistir a uma discussão na praça pública que só faria sentido ter lugar dentro das estruturas partidárias quanto à eventual coligação. A forma como o processo tem acontecido parece um edifício construído do telhado para o chão que dificilmente alguma vez será sólido e seguro", considera.
"PSD não tinha a cabeça arrumada"
Morais Sarmento comenta também a recusa de Santana Lopes em ser candidato à Câmara de Lisboa: "Um 'não' de Santana Lopes a uma candidatura a Lisboa não é impeditivo de uma eventual liderança do partido. Por isso, referi duas alternativas distintas. Pedro Santana Lopes tem a sua questão arrumada na sua cabeça há bastante tempo. O PSD é que não tinha a cabeça arrumada, pelo vistos. Porque enquanto aguardou por Pedro Santana Lopes, não definiu sequer uma estratégia", diz.
"Durante muito tempo, pela ausência de ideias, achei que se calhar ele não estava a pensar ser líder do partido no momento das eleições autárquicas. O deserto e o adiamento e o afastamento dessa temática levava-me a admitir essa possibilidade. Já vimos que não é esse o caso e portanto pergunto, qual é a estratégia? Alguma será. Não consigo dizer que está errado um processo quando não conheço as intenções de quem definiu a estratégia para esse processo. O resultado não é positivo. E sobre os resultados já podemos falar. É um processo em que o PSD tem tido um comportamento autofágico", acrescenta.
Sobra a possibilidade de o próprio líder do partido vir a avançar para a autarquia da capital, Morais Sarmento diz que, "se acontecesse, a candidatura de Pedro Passos Coelho a Lisboa era uma posição política, mais que uma candidatura de um edil que ama a cidade e que vive os seu problemas. Era uma posição política legítima".