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Igreja prefere a sepultura à cremação e proíbe a dispersão de cinzas

25 out, 2016 - 12:16 • Aura Miguel

Documento da Congregação para a Doutrina da Fé diz que “as cinzas do defunto devem ser conservadas num lugar sagrado" e interdita a conservação das cinzas em casa e a sua dispersão no ar, na terra, na água ou em qualquer outro lugar.

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A cremação não é proibida, mas a Igreja católica prefere a sepultura. A Santa Sé publicou, esta terça-feira, um documento no qual esclarece que “as cinzas do defunto devem ser conservadas num lugar sagrado - no cemitério, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica”.

O texto, da Congregação para a Doutrina da Fé, coloca também como proibida a conservação das cinzas em casa e a sua dispersão no ar, na terra, na água ou em qualquer outro lugar.

De acordo com o documento agora publicado, a Igreja continua a preferir a sepultura dos corpos, uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos. Todavia, a cremação não é proibida, “a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã”.

A conservação das cinzas num lugar sagrado, lê-se no documento, “pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os defuntos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã”.

“Por outro lado”, continua, “deste modo, evita-se a possibilidade de esquecimento ou falta de respeito que podem acontecer, sobretudo depois de passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas”.

Pelos motivos mencionados, a conservação das cinzas em casa não é consentida. Em casos de circunstâncias gravosas e excepcionais, “dependendo das condições culturais de carácter local, o Ordinário, de acordo com a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, poderá autorizar a conservação das cinzas em casa”.

O Vaticano informa ainda que “as cinzas não podem ser dividias entre os vários núcleos familiares e ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de conservação das mesmas”.

Exclui-se ainda “a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objectos, tendo presente que para tal modo de proceder não podem ser adoptadas razões de ordem higiénica, social ou económica a motivar a escolha da cremação”.

No caso de o defunto ter claramente manifestado o desejo da cremação e a dispersão das mesmas na natureza por razões contrárias à fé cristã, “devem ser negadas as exéquias”, conclui o Vaticano.

Para os casos passados, o Vaticano aconselha a que se guarde um local de memória para que os fiéis possam orar e recordar o defunto. Dá mesmo o exemplo dos mortos em guerra que por vezes, pela circunstância de não poderem ser enterrados, são lembrados com um monumento ou placa.

Comentários
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  • Maria Martins
    26 out, 2016 Lx 10:24
    A Igreja deveria preocupar-se, isso sim, com o direito de escolha dos padres casarem ou não, e com entrada de mulheres na igreja. Há poucos padres e na sua maioria são velhinhos. Há várias Igrejas sem padre, e para podermos ir à missa temos que nos deslocar a outra localidade. Enfim, é assim que cada vez as igrejas vão ficando cada vez mais vazias.
  • Filipe Pereira
    26 out, 2016 England 05:12
    Mais uma medida para afastar cristaos da igreja claro medidas que nunca irei respeitar alias havera melhor lugar pra descansar a nao ser na catedral viva o Benfica
  • isaura pereira
    25 out, 2016 Gondomar 23:53
    Achei alguns comentários exagerados e os que citavam ignorância, não percebi qual o lado ignorante.. Vivemos tempos diferentes, não digo modernos porque cada mudança é moderna. Quando muda um hábito, o mais normal é haver fortes reacções à sua interpretação. É o que penso agora, já que esta questão é muito recente. Hábitos que foram quebrados relacionados com enterros,foram-no com fortes reações. Os enterros fora das igrejas; o enterro dos suicidas; dos criminosos, dos supliciados; dos combatentes ; dos que vão para a vala comum; dos criminosos; dos que morrem no mar. Mesmo os actuais enterramentos distinguem ainda pela classe social.Uns descem à terra, sem cuidadores, outros vão para jazigos preservados. Se aos olhos de Deus todos somos Seus filhos, analizemos as diversas práticas funerárias por esse mundo. Estou a pensar nas Tribos e nas diversas Fés. O fim, seja qual fôr, a dar aos restos mortais de cada um é um ato respeitoso. Havendo vontade expressa em vida pelo indívíduo deve ser respeitada. Não havendo, os famíliares, quiçá os mais próximos ou que mais o acompanharam, deverão em consciência cívica e/ou religiosa acordarem a decisão para o este acto. A Alma e o Espírito nunca se transformarão em pó, apenas o corpo se consumirá. Porque não dar tempo a que esta viragem, com fundamento, seja melhor explanada pela própria Igreja. A LEI ainda não mudou, e antes da morte ,HÁ o DEVER de cuidar dos doentes, dos fracos, dos desamparados e abandonados, sem que a LEI os proteja.
  • Leontina Martins
    25 out, 2016 Amora 21:36
    Estou de acordo com A Santa Igreja, e não quero ser cremada!
  • Mba
    25 out, 2016 AVEIRO 19:20
    Porque é que não podemos responder aos comentários? Isso é que era interessante
  • rosinda
    25 out, 2016 palmela 19:19
    Deus nao quiz que o meu pai morre-se queimado para salvar a casa que construiu ! A igreja catolica devia ajudar as pessoas a perceber isso!
  • rosinda
    25 out, 2016 palmela 19:06
    A igreja devia ter tomado uma posicao a muito tempo sobre este assunto! Quem quer ser cremado nao devia ter direito a funeral religioso. A moda das cremacoes alastrou de tal maneira ao ponto de pessoas que se dizem catolicas quererem vender jazigos e campas de familia!
  • MMartins
    25 out, 2016 Lisboa 16:54
    Algo que penso que a notícia não esclarece. 1) Ficam, a partir de agora, os Padres proibidos de cumprir as exéquias em funerais com cremação? Sim ou não?. Este é um esclarecimento absolutamente fundamental, que importa que a notícia esclareça. 2) O que são exactamente "motivos contrários à fé cristã"? 2) Por outro lado, como irá ser garantida a preservação das cinzas nas condições definidas pelo Vaticano? O Padre acompanhará a Família até quando? Muito obrigada.
  • joso
    25 out, 2016 Lisboa 15:09
    Claro que isto só acontece porque se parte do principio de ser outra forma de acreditar no mundo. Mas não será estranho tendo em vista que os marinheiros são sepultados no Mar ou as sua cinzas dispersadas no Mar
  • António Leonel Costa
    25 out, 2016 Belas 15:00
    Lê-se e quase não se acredita. No texto da Congregação o que se verifica é a preocupação única dos "fieis" poderem fugir ao seu comando e nada mais. Vá lá agora já permitem que se celebrem as exéquias por um padre na cremação porque dantes nem isso mas como os "fregueses" estavam a fugir ouve que mudar. Os Conservadores na Igreja e fanáticos continuam.

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