Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Com guerra contra jihadistas no auge, Bagdad aponta armas ao comércio de álcool

24 out, 2016 - 14:26

A proibição total de comércio e consumo de álcool no Iraque afecta principalmente a comunidade cristã, que se queixa de discriminação e diz que a medida é inconstitucional.

A+ / A-

A batalha pela retoma de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, já começou e envolve as Forças Armadas do Iraque, e do Curdistão iraquiano, para além de milícias, incluindo cristãs.

Um sucesso em Mossul poderia ajudar a livrar o país de uma das maiores ameaças que enfrenta nestes últimos dez anos de guerra, mas o Parlamento em Bagdad decidiu que agora era a altura certa para aprovar uma lei que proíbe o comércio e consumo de álcool no país.

A medida aprovada no sábado à tarde afecta sobretudo a população cristã, cuja religião não proíbe o consumo de álcool. A esmagadora maioria das lojas que vendem e distribuem produtos alcoólicos são operadas por cristãos e estes vêem a nova lei como mais uma prova da crescente islamização da sociedade.

O deputado xiita Mahmoud al-Hassan, que propôs a lei, diz que ela é necessária “para preservar a identidade do Iraque como país muçulmano”, mas é precisamente por isso que os cristãos, incluindo deputados, consideram que ela é inconstitucional.

“A proibição é inconstitucional, porque a constituição reconhece os direitos das minorias não muçulmanas e dos grupos étnicos que vivem ao lado dos muçulmanos no Iraque. Aos deputados muçulmanos tenho a dizer: cuidem da vossa religião e deixem a nossa connosco”, afirmou Joseph Slaiwa, um deputado cristão, citado pelo jornal britânico “The Times”.

A nova lei, que tem ainda de ser ratificada pelo Presidente, prevê multas de perto de vinte mil euros para quem a violar.

A sociedade civil não perdeu tempo a criticar a nova lei, com alguns comentadores a sublinhar o desnexo de o Parlamento estar a aprovar este tipo de leis precisamente numa altura em que o combate contra os extremistas islâmicos está num ponto crítico. Nas redes sociais circulam imagens de deputados a apontar armas a uma garrafa de Arak - um licor tradicional com sabor a anis - enquanto ignoram um sinal a apontar para Mossul, onde se trava a batalha contra o Estado Islâmico.

Embora o consumo de álcool seja mal visto na maior parte dos países de maioria islâmica, apenas uma mão cheia proíbe totalmente o seu consumo, incluindo a Arábia Saudita, a Líbia e o Kuwait. Esta não é a primeira vez que o Iraque tenta proibir o consumo e a venda de álcool. Em 2006 já o tinha feito, mas três anos mais tarde a proibição terminou e as lojas reabriram.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • zé tolas
    24 out, 2016 lisboa 18:58
    digamos que o alcool, festas, festinhas e festivais nao fazem nenhuma falta. de certo modo apesar de nao ser muçulmano a lei sharia tem muitas coisas boas.
  • alou
    24 out, 2016 viseu 17:19
    Sim Sim o álcool é proibido, mas a droga não !!
  • RACV
    24 out, 2016 Portugal 16:29
    Que engraçado, quando foi a França a querer proibir os burkinis, toda a gente veio em defesa a dizer que era uma falta de respeito pelos islâmicos. Agora que estão a discriminar os cristãos lá, estão todos calados

Destaques V+