16 set, 2016 - 23:54
Os investidores no Deutsche Bank reagiram em pânico à multa que o Departamento de Justiça dos EUA lhe quer impor, provocando uma desvalorização bolsista de 8,5% e arrastando as praças europeias para terreno negativo.
Os norte-americanos ameaçaram o banco alemão com uma multa recorde de 14 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros), acusando-o de ter vendido a investidores, antes da crise financeira de 2007-2008, créditos imobiliários convertidos em produtos financeiros, apesar de saberem que não tinham qualidade, os designados produtos 'subprime', que originaram aquela crise.
O descalabro bolsista do maior banco alemão contribuiu para as descidas do Eurostoxx 50 (1,30%) e dos índices alemão Dax (1,49%), francês CAC 40 (0,93%) e britânico FTSE-100 (0,30%).
O Deustsche Bank, que encerrou 2015 com um prejuízo de sete mil milhões de dólares, confirmou que o Departamento de Justiça avançou com aquele montante para a multa, mas que admitiu uma contraproposta.
As negociações que se vão suceder pretendem chegar a um acordo sobre os processos colocados pela emissão e colocação de obrigações garantidas por hipotecas sobre imóveis residenciais (titularizadas) e titularizações relacionadas entre 2005 e 2007.
O Deutsche Bank já garantiu que não tenciona pagar aquele montante e espera que as negociações tenham um resultado similar às feitas por outros bancos, que terminaram em verbas inferiores às avançadas inicialmente.
Em 2014, o Bank of America pagou uma multa de 16,5 mil milhões de dólares pelo seu envolvimento no 'subprime', que constitui a maior de todas. A Goldman Sachs, por seu turno, pagou 5,1 mil milhões de dólares, pelas mesmas razões.
Os problemas do Deutsche Bank traduzem-se numa queda bolsista de 47% desde o início do ano.
Um analista da casa de investimento Kepler Cheuvreux, Jacques-Henri Gaulard, considerou que as negociações que se vão seguir entre alemães e norte-americanos vão ser dificultadas pelo clima eleitoral nos EUA e pelas exigências feitas pela Comissão Europeia à Apple para que devolva 13 mil milhões de dólares de impostos não pagos.
O Deutsche Bank já reservou 5,5 mil milhões de euros para os custos deste conflito, mas a exigência dos EUA pode representar uma ameaça de falência do maior banco alemão.