13 set, 2016 - 15:32
O comboio que descarrilou na sexta-feira na Galiza seguia a 118 quilómetros por hora numa via secundária com limite de velocidade fixado nos 30 quilómetros por hora, e o maquinista recebeu diversos avisos para abrandar, diz um tribunal galego.
De acordo com o Tribunal Superior de Justiça da Galiza, o comboio acidentado “circulava a 118 quilómetros por hora no momento do descarrilamento”. A velocidade permitida nas linhas principais é de 120 quilómetros por hora, mas a zona da estação de comboios de O Porriño, na Galiza, estava em obras de manutenção na sexta-feira, o que obrigou o desvio para uma linha secundária.
Fonte oficial da espanhola Renfe disse esta terça-feira à Lusa que a velocidade limite para circulação em vias secundárias é de 30 quilómetros, e que esta é uma regra geral aplicável a todas as vias secundárias.
Por outro lado, o tribunal informou que o maquinista (português, um dos quatro falecidos no acidente), “recebeu e acusou a recepção (pressionando um botão) de avisos L1, que indicam a necessidade de moderar a velocidade”.
Um técnico da comissão de investigação de acidentes ferroviários, Edmundo Parras, tinha indicado esta terça-feira, que “tudo aponta para excesso de velocidade” como causa do acidente ferroviário de sexta-feira em O Porriño, Galiza, que matou quatro pessoas e deixou feridas dezenas.
Parras falava à entrada do tribunal de O Porriño (Pontevedra, Galiza, Noroeste de Espanha), onde esta terça-feira de manhã foram abertas as caixas negras do comboio.
As caixas negras do comboio – que fazia o trajecto Vigo-Porto, operado conjuntamente pela CP e pela espanhola Renfe – foram abertas na presença de representantes da CP, da Renfe e das gestoras das redes ferroviárias de ambos os países, a portuguesa Infra-estruturas de Portugal e a espanhola Adif.
O equipamento recuperado do sinistro regista as velocidades do comboio, as distâncias e os sinais que recebeu.
No entanto, não grava sons nem conversações na cabina do maquinista, apenas as comunicações com o posto de comando de Ourense, segundo explicou na segunda-feira o presidente do comité de empresa da Renfe em Pontevedra, Luis Mariano de Isusi.
De acordo com o jornal galego “La Voz de Galicia”, as caixas mostram que o sistema electrónico que controla os sinais e as agulhas (desvio de linhas) na zona da estação de O Porriño funcionou correctamente, uma vez que os sinais estavam no amarelo (precaução).
O maquinista português, acrescenta o diário, acusou a recepção de uma dúzia de sinais no troço onde aconteceu o acidente, todas menos a última, presumivelmente quando o comboio já teria descarrilado.
Entre os sinais incluem-se dois avisos L1, que implicam a necessidade de abrandar a velocidade. “Caso não tivesse acusado a recepção dos sinais acústicos o comboio teria parado [automaticamente]”, uma vez que tem equipamento para isso, explicou o jornal.
O comboio descarrilou às 09h25 de sexta-feira (08h25 em Lisboa), com mais de 60 passageiros e tripulação a bordo. O maquinista, português, e dois outros elementos da tripulação, ambos espanhóis, morreram no acidente, bem como um turista norte-americano.
Cerca de meia centena de passageiros ficaram feridos no acidente, no qual um dos vagões ficou completamente tombado e outros dois semi-tombados.
A CP e a Renfe operaram conjuntamente a linha Vigo-Porto desde 2011. Responsáveis de ambas as empresas asseguraram que o comboio tinha sido alvo de revisões recentes.