21 mai, 2016 - 10:00 • Marta Grosso
É um livro dedicado a toda a gente. A todos os portugueses. “Podemos usar [as suas dicas] no nosso local de trabalho. Ajudam-no a comunicar melhor com as nossas chefias, com os nossos pares e com os nossos clientes, mas também em casa, com os filhos e o marido”, afirma Carla Rocha, animadora da RFM, à Renascença. “Fale menos, comunique mais” já chegou às livrarias.
Saber comunicar não é algo inato, “toda a gente pode melhorar”, garante. Hoje, fala-se muito e escuta-se pouco. A comunicação fica bloqueada. Carla Rocha aconselha, por isso, a que se “fale menos” e “comunique mais”. No livro avança 10 estratégias para se tornar um grande comunicador.
Primeira regra: escutar. “Conseguir escutar o outro é não estar a pensar no que vamos dizer a seguir; é estarmos calados no pensamento, a receber o que nos dizem”, define.
A sua experiência como formadora na área da comunicação tem-lhe mostrado que há lacunas na capacidade de escutar. “Não são raras as vezes em que, em empresas, há pedidos com um objectivo em vista e depois o resultado é completamente diferente. Porque se calhar não se ouviu”.
E a verdade é que muitas das pessoas que pedem ajuda a Carla Rocha “têm consciência que não ouvem assim tanto, de que poderiam ouvir mais o outro”.
Segunda regra: simplificar. Em vez de dizer "Vou fazer-lhe um recobrimento radicular", opte-se por "Vamos fazer uma pequena cirurgia na gengiva para tratar este recuo".
Carla Rocha dedica, por isso, um capítulo ao português vs “compliquês”. E explica: “‘compliquês’ é um polícia falar connosco e nós não percebermos se vamos ser autuados ou se ganhámos um prémio. Ou se até é um elogio”. A comunicação não funciona, a mensagem torna-se dúbia e os mal-entendidos acontecem.
Conselho: adaptar o discurso ao público que tem à frente. “Há pessoas que falam como se a outra pessoa vivesse na sua cabeça e tivesse obrigação de entender”. Não tem e não é por usar palavras caras que a sua mensagem vai ter mais credibilidade.
Terceira regra: foco na mensagem. “Eu nem sempre falei em público como se estivesse num café, mas hoje sinto que estou muito à vontade”, admite a animadora de rádio. “E não foi sempre assim, porque o foco estava em mim, como está na maior parte das pessoas – ‘sou eu, sou eu que estou exposto’”.
Mas, na verdade, “o foco é a mensagem”, aquilo que vamos querer passar e que acreditamos ser importante. É nessa altura que a magia acontece. “Começas a sentir-te mais à vontade, mais solto e a mensagem aparece com mais confiança, com mais naturalidade, com mais autenticidade, que é outro dos pilares fundamentais da comunicação”.
Activista pelo “músculo da comunicação”
O nome de Carla Rocha tornou-se conhecido do público português pelo trabalho que desenvolveu na rádio. Em concreto, na RFM, uma rádio do Grupo Renascença Multimédia. Distingiu-se, por exemplo, no programa “Café da Manhã”, ao lado de José Coimbra.
Mas a sua capacidade de comunicar e interesse pela área levou-a a trilhar caminhos paralelos. Quando deu por si, estava a ensinar atletas a comunicar melhor. É o programa "Atletas Speakers", do Comité Olímpico de Portugal, que tem como objectivo ajudar atletas, no activo ou não, a falar em público, para escolas, universidades, empresas, associações.
“Estes atletas, que trabalharam o físico toda a vida, não têm o ‘músculo da comunicação’ tão desenvolvido”, explica Carla Rocha, acrescentando que nas suas palestras “acabam por passar para as empresas muitos valores que são do desporto, mas que podem ser aplicados em contexto de empresa e de equipas”.
Depois deste projecto, a formadora começou a receber pedidos de outras pessoas, particulares e empresas, no sentido de ajudar a melhorar a comunicação. Hoje, tem uma empresa e uma equipa que a ajuda a pôr “Portugal a comunicar melhor”.
“É a minha missão”, diz. “Comunicar é pôr em comum, criar uma ligação. E eu acredito mesmo que, ao melhorarmos a forma como comunicamos, acabamos por nos tornar melhores pessoas. E é isso que queremos, não é?”.