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Diogo Lacerda Machado aceitou ser consultor do Estado por "espírito de serviço público"

27 abr, 2016 - 11:09

"Nunca me foi tão difícil enfrentar uma circunstância da vida como esta", disse, no Parlamento, o consultor e melhor amigo do primeiro-ministro sobre as dúvidas que se levantaram sobre o seu papel nas negociações da reprivatização da TAP.

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O consultor Diogo Lacerda Machado afirmou, esta quarta-feira, no Parlamento, que aceitou dar ajuda técnica ao Governo de António Costa movido pelo "espírito de serviço público", lamentando que tenha sido alvo de "notícias falsas e maldosas", que tornaram esse momento muito difícil.

"Tive momentos muito difíceis na vida, mas nunca me foi tão difícil enfrentar uma circunstância da vida como esta", afirmou o advogado Lacerda Machado, numa intervenção inicial na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, agradecendo a oportunidade de "prestar todo o esclarecimento público".

Diogo Lacerda Machado, que mediou as negociações da reprivatização da TAP em nome do Governo de Costa, foi ouvido no Parlamento por requerimento do PSD, que exige explicações sobre o processo e o seu papel como "negociador". O consultor é o melhor amigo de António Costa, como revelou o próprio primeiro-ministro numa entrevista à TSF/"Diário de Notícias".

De acordo com o contrato de prestação de serviços que assinou com o Estado, Diogo Lacerda Machado vai ganhar dois mil euros por mês.

Na intervenção inicial, o advogado agradeceu a possibilidade de "finalmente poder responder às questões sobre o envolvimento" no processo de reconfiguração do modelo accionista da TAP, depois de ter assistido "em silêncio (...) às notícias, comentários e juízos que foram circulando".

"Intervim no processo, a pedido e sob instruções do primeiro-ministro e do senhor ministro do Planeamento e das Infra-estruturas [Pedro Marques], a quem prestei apoio técnico por ter tido a convicção que a minha experiência de 30 anos de advocacia e a minha familiaridade com os temas da aviação comercial poderiam ser úteis ao Governo e ao país", declarou Lacerda Machado.

O consultor do Governo - que desde 15 de Abril tem um contrato de prestação de serviços de consultoria estratégica e jurídica que vigora até ao final do ano - explicou que foi "o espírito de serviço público" que o levou a aceitar "prontamente" o pedido de apoio técnico feito por António Costa e Pedro Marques.

"E foi ainda esse espírito que me levou a nem sequer equacionar então a necessidade de exigir ou acordar qualquer retribuição para o mesmo", acrescentou.

Lacerda Machado defendeu que "a ausência de retribuição e de qualquer documento escrito não significam a ausência de vinculação às regras de actuação", realçando que, no apoio técnico prestado, não dispôs de poderes de "vinculação ao Estado".

"E todas e cada uma das reuniões em que participei - e em que jamais estive sozinho - aconteceram sempre na presença de membros do Governo", sublinhou.

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  • Judite Gonçalves
    27 abr, 2016 Barreiro 16:10
    Grande espírito de serviço público! Parece que hoje em dia todos estão imbuídos desse serviço público. Mas normalmente são bem pagos quer em dinheiro quer em benefícios de outra ordem. Aliás como o espírito é algo que não se vê, por isso é que as pessoas podem sempre dizer o que quiserem acerca dele, que nós não temos como provar se é espírito de serviço público ou espírito de serviço privado. Não está em causa o que as pessoas recebem pelo trabalho que fazem ou se são amigas ou melhores amigas de quem quer que seja. Falta é saber se faziam lá falta, ou então aquelas funções foram só inventadas para colocar lá o melhor amigo. Quem é que não gostaria de ser o melhor amigo de um primeiro ministro assim?
  • Americo
    27 abr, 2016 Leiria 14:04
    Boa tarde.Também foi de serviço público a prestação feita na aquisição pela TAP no Brasil, e ao patrão deste sr. em que a mesma perdeu milhões de euros e que aliás está a ser investigado pela polícia judiciária ?
  • ANTONIO
    27 abr, 2016 CASCAIS 12:08
    Já lá vai o tempo em que os portugueses engoliam de bom grado todas as patranhas que lhes contavam. Hoje em dia felizmente os portugueses são muito mais cultos e conhecedores do que nesses tempos de névoa e sobretudo sabem ler nas entrelinhas dos discursos feitos para enganar tolos. Já conhecem à saciedade esse submundo manipulador de facilitadores e negociadores que vivem na babugem dos governos e na órbita dos aparelhos partidários onde abundam os amiguismos e clientelismos de muito "avençado"!

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