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Ministério Público recebe queixa por "indícios de burla na venda da TAP"

30 nov, 2015 - 21:15

Associação Peço a Palavra quer anular o negócio na justiça.

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Elementos da Associação Peço a Palavra (APP) apresentaram hoje uma queixa no Ministério Público contra os ex-secretários de Estado dos Transporte e do Tesouro, o presidente da Parpública e os novos donos da TAP, por suspeita de ilegalidade no negócio.

"Apresentámos esta queixa ao Ministério Publico porque existem indícios de burla na venda da TAP", disse o cineasta António Pedro de Vasconcelos, um dos subscritores da queixa, em conferência de imprensa.

Segundo o cineasta, as suspeitas de burla prendem-se com as dúvidas sobre quem é o verdadeiro dono da TAP, sobre o facto de o negócio ter sido fechado sem o parecer prévio da entidade reguladora e por ter sido "um Governo de gestão a autorizar o Estado a assumir o compromisso de uma dívida de 776,7 milhões de euros" da empresa privatizada.

A APP reafirmou a necessidade urgente de ser travado o processo de privatização da TAP, através da sua anulação pela justiça.

Por isso, seis elementos desta associação avançaram com a queixa no Ministério Público contra o ex-secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro, a ex-secretária de Estado do Tesouro Isabel Castelo Branco, o presidente da Parpública, Pedro Ferreira Pinto, e contra os empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, do consórcio Gateway.

O acordo de conclusão da venda directa de 61% do capital da TAP foi assinado no dia 12 entre a Parpública e o Agrupamento Gateway, na presença da então secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, do então secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Miguel Pinto Luz, os representantes do Agrupamento Gateway e da comissão executiva da Parpública.

O advogado Ricardo Sá Fernandes, outro dos signatários da queixa, disse aos jornalistas que existem indícios de "responsabilidade criminal" por parte das pessoas visadas, mas "cabe ao Ministério Público apurar os factos e acusar".

Ricardo Sá Fernandes considera possível o Ministério Público fazer a sua investigação num "par de meses", o que dará tempo para travar o negócio da TAP.

Para António Pedro de Vasconcelos o processo de privatização da TAP "deve ser travado imediatamente, pois cada dia que passa é um risco para empresa".

"Se não houver um empenhamento imediato na anulação do contrato, os custos podem ser irreparáveis", disse lembrando "exemplos infelizes" de privatizações que correram mal, como a da PT e a da Cimpor.

A APP já pediu reuniões aos ministérios que podem intervir no processo e considera que o primeiro-ministro pode cumprir o que prometeu e anular a privatização da TAP.

O cineasta defendeu ainda que todas as privatizações feitas nos últimos quatro anos, "mereciam uma investigação parlamentar", por se tratarem de empresas estratégicas, como os CTT.

Comentários
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  • Ferreira
    01 dez, 2015 Lisboa 13:16
    Não é necessário que haja indicios para investigar. Em todas houve sempre gato escondido com o rabo de fora pelo que esta não será de certeza excepção..
  • Alberto
    01 dez, 2015 Porto 11:23
    Esta gentinha que vive na sombra de subsidios do estado, nao tem mais nada com que se preocupar. Será melhor a empresa progredir e ser uma empresa moderna, ou ser reduzida a uma empresa minuscula, e a maior parte dos trabalhadores serem despedidos? Mas o que esta gente quer é ter a possibilidade de ter os trabalhadores na mão para poderem fazer grandes greves como se tem visto em todos os transportes publicos. Bando de parasitas que só olha para o umbigo!
  • Jorge
    30 nov, 2015 Lisboa 22:49
    Se há burla não sei mas certo é que o governo pa Fds" não sabe fazer privatizações, não houve nenhuma que não desse de facto polémica.

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